segunda-feira, julho 21, 2008

Sem Medo, Sem Visão (Irmão Phap Luu)

Muito do sofrimento que experimentamos no mundo, nos EUA hoje em dia, é devido ao medo. Vem do sentimento de sermos uma vítima, do sentimento que não estamos no controle, do sentimento que estão fora de nós forças que de alguma forma tem poder sobre nós. Portanto a questão é como trazemos o Dharma para este momento, para dentro de nossas vidas, de forma que possamos gerar não-medo em nós mesmos e naqueles ao nosso redor?

Se perguntarmos a nós mesmos a questão, a cada momento, estamos realmente perguntando a nós mesmos, como eu estou gerando não-medo para mim mesmo, para minha família, para minha comunidade? Deste modo não somos mais prisioneiros de nenhum governo, de nossa sociedade, do medo de que alguém está vindo e atirando no nosso filho pequeno, ou qualquer outro medo que tenhamos.

Nossos medos são irracionais. Entramos em carros e dirigimos por aí todo dia, e é muito mais provável que morramos em um acidente de carro do que sermos seqüestrados em um avião. Aquecimento global é algo para se temer – estamos falando sobre todas gerações seguintes.

Na minha prática, quando eu olho para o que eu faço a cada momento, eu tomo cuidado em não basear o que eu estou fazendo em uma visão. Eu sinto que isto é uma grande causa pela qual somos ineficientes em transformar o modo que a sociedade funciona. Eu pertencia a grupos ativistas antes de me tornar um monge, portanto experimentei o que significa basear as ações em uma visão. ”Isto é claro, estas pessoas estão matando, estão destruindo o ambiente, certo? Portanto eu tenho que fazer isso.”

No seu ensinamento do Nobre Caminho Óctuplo, o Buda disse que tudo é baseado na visão correta. Se não temos a visão correta, como podemos falar sobre pensamento correto? Como podemos falar sobre concentração correta? Precisamos ter uma visão correta.

Em última análise visão correta é a ausência de qualquer visão. É apenas uma questão de se temos clareza ou não. Não é uma questão de bom ou mau, de julgar, punir ou mesmo estatística. Estas são todas apenas visões, modos de ver o mundo. Avidya é ignorância; uma maneira de traduzir essa palavra é ausência de luz.

Como podemos deixar esta mente clara a cada momento? Não há medo, porque na claridade não há nascimento, não há morte. É apenas manifestação e ausência de manifestação.

O que fazemos hoje em dia, dez mil anos atrás era a mesma coisa. No tempo do Buda, havia um príncipe que matou seu pai e aterrorizou o país. O Buda não saiu e protestou. Isto é o que eles faziam naquele tempo. Agora temos eleições.

Quando fazemos meditação caminhando com Thay, chamamos isso uma caminhada de paz, mas o que está acontecendo lá? Já andei com faixas, é muito tedioso. Mas quando você vê Thay andando, é realmente interessante! Você não está tão certo do que ele está fazendo. E nós também não! Nós estamos andando. Não, estamos seguindo nossa respiração, estamos seguindo nossos passos.

(Irmão Phap Luu, Monge de Deer Park – publicado na revista Mindfulness Bell 45)

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