quinta-feira, maio 28, 2009

Nossos ancestrais estão vivos em nós

Você vê sua mãe e seu pai em você? Com quanta clareza e profundidade você pode ver isso? E quando você olha para a sua mãe e o seu pai, você se vê neles? Quão profundamente você enxerga isso? A leitura do texto em anexo (clique aqui) traduzido por Marcelo Abreu (blog Paraserzen), de uma palestra de Thay realizada no ano passado, trata desse assunto.

Thay encerra o texto assim: "Meu pai e minha mãe, eles são meus ancestrais, os meus ancestrais mais jovens. Como seres humanos, nós temos ancestrais humanos. Tivemos diversas gerações de ancestrais humanos e, geneticamente falando, todos os nossos ancestrais estão vivos em nós. Pensamos que todos eles já morreram, porém isso não é verdade. Nossos ancestrais de diversas gerações ainda estão vivos em nós, e nós os carregamos futuro adentro. Nós os transmitimos futuro adentro. Então, quando você se casa e tem filhos, você transmite seus ancestrais aos seus filhos. Os seus ancestrais adentram, assim, o futuro."

Leia (clique aqui) e responda as perguntas iniciais desse texto no nosso blog.

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sábado, maio 23, 2009

Pimentão

Saiu o ranking dos alimentos movidos a agrotóxico. Cruzando na frente a faixa de chegada vem o pimentão, vermelho como uma Ferrari envenenada. Graças a Deus eu não ligo para pimentão. Mas para cenoura eu ligo, para tomate, brócolis, couve, espinafre, agrião, alface. Fiz muito regime na vida, cresci comendo salada; quando se é jovem, a vaidade conta mais que a própria vida. Há vinte anos não existiam os orgânicos nos supermercados, somente a carne e o açúcar acendiam o sinal de alerta dos mais naturebas. O nascimento do meu filho mais velho, há nove anos, foi o divisor de águas da geladeira lá de casa. Só aí aboli os pesticidas do cardápio. Frango e ovo também, só se forem de galinhas caipiras. Treinamento de guerreiro espartano é pinto perto dos horrores praticados nas granjas. Quando eu vejo um paillard de frango, me dá vontade de chorar. Dizem que as galinhas não andam, que as luzes nunca se apagam para que ponham mais ovos, que enchem as coitadas de hormônio. A coisa é séria. Nasceu barba na bebê de uma amiga quando a menina começou a tomar canja. Pararam de dar frango, a barba sumiu. Já ouvi de um médico que essas máquinas que fazem suco com casca e tudo poderiam ser batizadas de "Jesus me chama" porque o mata-peste acumulado na casca vai para o copo junto com a fruta.

Eu como muito atum. Achava saudável até descobrir que, além das doses mortíferas de mercúrio entranhadas no peixe, o que chega a nossa mesa é tão de granja quanto as penosas, alimentado com a mesma ração. Além do mais, o bendito ômega 3 só é encontrado no atum selvagem, daqueles que nadam quilômetros em mar aberto. O mesmo acontece com o salmão. Esse peixe só é rosa porque come krill em alto-mar. O tom avermelhado do salmão que chega às nossas feiras é pura maquiagem de betacaroteno. Tanto que salmão na minha infância era iguaria rara, hoje dá mais que chuchu na serra.

Meus pais compraram um sítio não muito grande em Teresópolis há mais de quarenta anos. É uma região de pequenos agricultores, na grande maioria veneneiros. A única mata nativa que restou no vale está na nossa propriedade. A do vizinho foi toda torrada em fomos de carvão junto com um pomar centenário. O que nós vimos de atrocidades naturais acontecerem em volta não está no gibi. Vimos e, confesso, também cometemos algumas.

Meu pai tinha o sonho de ser fazendeiro e tentou realizá-lo modestamente no sítio. Lembro dele manuseando um galão de agrotóxico como se fosse a grande solução da lavoura. Eram os anos 70, e não se falava em alternativas viáveis para o plantio. O sonho de fazendeiro do meu pai morreu junto com o seu Almeida, o agricultor que cuidava da plantação. Seu Almeida prosperou a ponto de comprar um Fusca. Num fim de semana mais animado, voltando para casa com o teor alcoólico acima do permitido, enfiou o Fusca debaixo de um caminhão e nunca mais o sítio foi produtivo. Estranhamente, essa tragédia acabou salvando nossa terrinha.

Marcos Palmeira tem sua fazenda de orgânicos quase vizinha à nossa propriedade. Ele e seu sócio senegalês, Ali, nos convenceram a replantar o sítio com as técnicas limpas que dominam. O solo virgem, parado há mais de vinte anos, permitiu que já se entrasse plantando. Eles puxaram a água da nascente por gravidade, sem motores, bombas ou baterias, e plantaram vários pés de limão siciliano e uma horta para os de casa. Tudo com irrigação por gotejamento, sem desperdício. Construíram um galinheiro arejado, com umas galinhas lindas que ciscam no meio da plantação e produzem ovos, carne e adubo. Vingou tudo o que se pode imaginar. Dá orgulho ver. Justamente agora, na semana em que o ministro da Saúde afirmou que não come mais pimentão, estamos recebendo em casa nossa primeira cesta básica. Só lamento meu pai não estar aqui. Acho que ele ia gostar de ser fazendeiro com selo verde de qualidade.

- Fernanda Torres (publicado na Veja Rio em 29 de abril de 2009)

quarta-feira, maio 20, 2009

Oração Funciona?

Recentemente na Sangha Viver Consciente um companheiro mencionou sobre suas orações e questionou a forma como as fazia. Você também já deve ter se questionado: oração funciona? Para te ajudar a refletir sobre esse tema sugerimos a leitura do texto em anexo (clique aqui) retirado de um livro do Thay que fala sobre o poder da oração.

Pessoas de todas as crenças usam alguma forma de oração ou meditação na sua prática espiritual, embora possam parecer bastante diferentes uma das outras. Nesse texto o Thay busca nos dar uma visão abrangente sobre esse tema, colocando questões como: Porque rezar? Quem é a pessoa para quem rezamos? Porque a oração funciona às vezes e outras não? Há algum modo de pedir que garanta resultados satisfatórios?

Leia (clique aqui) e divida sua experiência com oração no nosso blog.

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segunda-feira, maio 18, 2009

Significado de Não Violência

Não-violência não significa não-ação. Não-violência significa que agimos com amor e compaixão. No momento que paramos de agir, minamos o princípio da não-violência.

-Thich Nhat Hanh

sábado, maio 16, 2009

O espírito de Não Violência

Um veterano do Vietnã estava criticando o monge vietnamita Thich Nhat Hanh sobre sua firme dedicação a não violência. "Você é um tolo" disse o veterano - "o que você faria se alguém varresse todos os budistas do mundo e você fosse o último que restasse. Você não tentaria matar a pessoa que estava tentando te matar, e dessa forma salvando o budismo?"

Thich Nhat Hanh respondeu pacientemente "Seria melhor ele me matar. Se há alguma verdade no budismo e no dharma, ela não irá desaparecer da face da Terra, mas reaparecerá quando buscadores da verdade estiverem prontos para redescobri-la. Ao matar eu estaria abandonando os verdadeiros ensinamentos que estaria buscando preservar. Portanto seria melhor deixar ele me matar e permanecer verdadeiro ao espírito do dharma."

quarta-feira, maio 13, 2009

Uma Flor Para Sua Lapela

Nesta semana que iniciamos com a comemoração do dia das Mães, sugerimos a leitura de um texto (clique aqui) enviado pela Sangha Plena Consciência de São Paulo.

O que melhor resume o texto é o poema de Thich Nhat Hanh:

Naquele ano, embora eu ainda fosse muito jovem,
Minha mãe me deixou,
E compreendi
Que era um órfão.
Todos ao meu redor estavam chorando.
Eu sofri em silêncio...
Deixando que as lágrimas corressem,
Senti minha dor suavizar-se.
A noite cobriu o túmulo da minha mãe,
O sino do templo tocou docemente.
E eu entendi que perder a mãe
É perder todo o universo.

Leia e se emocione com esse texto belíssimo sobre as mães (clique aqui). Depois divida o que você achou do texto.

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quarta-feira, maio 06, 2009

Conhecendo a Melhor Maneira de Viver Sozinho

Neste Vesak, sugerimos a leitura de um texto (clique aqui) extraído de um livro do Thay sobre a vida do Buda.

No texto podemos ler o sutra do Buda sobre a melhor maneira de viver sozinho. Ele diz que a melhor maneira é habitar na plena consciência. Estar consciente do que está acontecendo no momento presente, o que está acontecendo no seu corpo, sentimentos, mente e objetos da mente. Saber como olhar em profundidade para as coisas no momento presente. Não perseguir o passado nem se perder no futuro, porque o passado não mais existe e o futuro ainda não chegou. A vida só pode acontecer no momento presente. Se perdermos o momento presente, perderemos a vida.

Leia (clique aqui) e depois divida seu insight conosco.

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sábado, maio 02, 2009

Carta do Chefe Índio

“O Presidente, em Washington, informa que deseja comprar nossa terra, mas como é possível comprar ou vender o céu, ou a terra? A idéia nos é estranha. Se não possuímos o frescor do ar e a vivacidade da água, como vocês poderão comprá-los?

Cada parte desta terra é sagrada para meu povo. Cada arbusto brilhante do pinheiro, cada porção de praia, cada bruma na floresta escura, cada campina, cada inseto que zune. Todos são sagrados na memória e na experiência do meu povo.

Conhecemos a seiva que circula nas árvores, como conhecemos o sangue que circula em nossas veias. Somos parte da terra, e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O urso, o gamo e a grande águia são nossos irmãos. O topo das montanhas, o húmus das campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, pertencem todos à mesma família.

A água brilhante que se move nos rios e riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se lhes vendermos nossa terra, vocês deverão lembrar-se de que ela é sagrada. Cada reflexo espectral nas claras águas dos lagos fala de eventos e memórias na vida do meu povo. O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai.

Os rios são nossos irmãos. Eles saciam nossa sede, conduzem nossas canoas e alimentam nossos filhos. Assim, é preciso dedicar aos rios a mesma bondade que se dedicaria a um irmão.

Se lhes vendermos nossa terra, lembrem-se de que o ar é precioso para nós, o ar partilha seu espírito com toda a vida que ampara. O vento, que deu ao nosso avô seu primeiro alento, também recebe seu último suspiro. O vento também dá às nossas crianças o espírito da vida. Assim, se lhes vendermos nossa terra, vocês deverão mantê-la à parte e sagrada, como um lugar onde o homem possa ir apreciar o vento, adocicado pelas flores da campina.

Ensinarão vocês às suas crianças o que ensinamos às nossas? Que a terra é nossa mãe? O que acontece à terra acontece a todos os filhos da terra.

O que sabemos é isto: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Todas as coisas estão ligadas, assim como o sangue nos une a todos. O homem não teceu a rede da vida, ê apenas um dos fios dela. O que quer que ele faça à rede, fará a si mesmo. “

- Carta do Chefe Índio Seattle ao Presidente dos EUA que queria comprar as terras dos índios em 1852 para colocar imigrantes