terça-feira, dezembro 23, 2008

A Mais Elevada Forma de Prece

Nesta véspera de Natal, sugerimos um texto (clique aqui) onde Thich Nhat Hanh busca em Jesus sua inspiração.

Jesus disse: "Vocês ouviram o que foi dito: 'Ame seu próximo e odeie seu inimigo.' Eu, porém, lhes digo: amem seus inimigos, abençoem aqueles que os amaldiçoam, façam o bem àqueles que os odeiam e orem por aqueles que rancorosamente os usam e os perseguem. Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu: porque ele faz o sol nascer sobre os maus e os bons, e a chuva cair sobre os justos e os injustos." Muitas pessoas rezam a Deus porque querem que Ele satisfaça algumas de suas necessidades. Se elas querem fazer um piquenique, pedem a Deus que lhes dê um dia claro e ensolarado. Ao mesmo tempo, os agricultores poderão estar rezando para pedir chuva. Se o tempo ficar bom, as pessoas que querem fazer o piquenique dirão: "Deus está do nosso lado; Ele atendeu às nossas preces." Mas, se chove, os fazendeiros dirão que Deus ouviu as preces deles. É dessa maneira que costumamos rezar.

Quando você reza apenas pelo seu piquenique, e não pelos fazendeiros que precisam de chuva, está fazendo o oposto do que Jesus ensinou. Jesus disse: "Amem seus inimigos, abençoem aqueles que os amaldiçoam." Jesus chamou essa atitude de "amar seu inimigo". Quando você é capaz de amar seu inimigo, ele deixa de ser seu inimigo. A idéia de "inimigo" desaparece e é substituída pela noção de alguém que está sofrendo e precisa de compaixão.

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(Foto de Bruno Jordão)

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Do que você se alimenta?

Quando você pensa em nutrientes certamente pensa nos alimentos que ingerimos pela boca, certo? Nessa semana, o texto proposto (clique aqui) amplia este conceito de uma forma brilhante

Thich Nhat Hanh nos ensina sobre os quatro tipos de nutrientes: alimentos, impressões sensoriais, volição e consciência. O primeiro deles é o que habitualmente conhecemos, mas entendendo nutriente como algo que nos dá energia e que nos faz agir em uma determinada direção, vemos que os outros três tipos são igualmente importantes para nossa alimentação.

Nesse final de ano, após ler o texto, porque você não tenta se alimentar mais conscientemente? Pergunte: “Essa comida é compatível com meu corpo e minha consciência?” Seguindo a prescrição da plena consciência você saberá o que consumir.

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quinta-feira, dezembro 04, 2008

Buda e Mara

Nessa semana sugerimos que você leia (clique aqui) uma história escrita por Thich Nhat Hanh sobre Buda e Mara.

O oposto de Buda é Mara. Se Buda é iluminação, então tem que haver algo que não é iluminação. Mara é a ausência de iluminação. Se o Buda é entendimento, então Mara é desentendimento, e se o Buda é bondade amorosa, então Mara é ódio ou raiva e assim por diante. Se não entendermos Mara, não podemos entender o Buda.

Com uma visão não dual, Thay quebra nossa maneira habitual de ver o que é o mal. Aproveite!

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quarta-feira, dezembro 03, 2008

Retiro em Plum Village

Plum Village é um lugar especial e acho que cada um encontra a sua Plum Village na França. Ao chegarmos lá, temos questões e dificuldades que nem sabemos e várias se revelam naquele ambiente transformador. A paisagem é especial nessa época do ano. As folhas de várias cores e tonalidades dão um colorido especial. Os vinhedos recém colhidos estão pelados, mas mesmo assim lindos. Tudo bastante inspirador.

As pessoas são outro fator importante. Todos que estão lá têm um compromisso com a prática e uma aspiração comum. Buscam a transformação do sofrimento através das práticas oferecidas pelos monásticos e pelos ensinamentos do Thay. Eles são um refúgio. A prática deles ajudou minha prática nos momentos difíceis e creio que eu ajudei a vários. Em Plum Village o ambiente é calmo e frequentemente somos convidados através do sino ou do relógio do refeitório a parar tudo e apenas respirar. Nada é mais importante naquele momento. Apenas respirar.

Tive muitas dificuldades no início e não conseguia me conectar com a prática nem com o local. Depois de alguns dias pude ver profundamente em mim o porquê. Toquei sementes que remontavam minha infância, pude ver comportamentos que se repetiam há décadas sem que eu percebesse e creio que me curei. Quando isso aconteceu eu passei a ver outra Plum Village. Eu passei a pertencer, passei a existir ali. A sensação de cura me despertou para muitas outras coisas.

Ao fazer working meditation na cozinha pude ver o quão árduo é esse trabalho. Quando suor e amor são necessários para preparar o que comemos. Um sentimento de verdadeira gratidão me invadia a cada refeição, lembrando dos rostos dos amigos que passaram horas na cozinha para que eu pudesse me alimentar. Olhando mais profundamente vi que ao criar um filho fazemos o mesmo. São anos de amor, carinho, preocupações e muito trabalho árduo para que um filho cresça e se lance ao mundo. Vi o quão pouco grato era a meus pais por tudo que fizeram. Publicamente em uma discussão do Dharma manifestei minha gratidão a eles e ao voltar fiz isso pessoalmente. Não só a eles, mas a meu avô que ainda está vivo.

Por fim, o ritmo lento de Plum Village cada vez me levava mais ao momento presente. Não havia muito o que fazer por lá, nem nenhum outro lugar para ir. Um dia em um almoço com o Thay na sala de meditação, ele sugeriu que pessoas oferecessem canções. Naquele instante vi que não tinha nada mais a fazer naquele dia, e nem podia sair da sala. A única coisa que havia era desfrutar das belas canções. Vivi intensamente aquele momento. “Nowhere to go, nothing to do”. Uma felicidade verdadeira brotou em mim, a felicidade de estar verdadeiramente e inteiramente no momento presente, talvez pela primeira vez na minha vida tão intensamente. Foi muito forte. As palavras da música de Plum Village fizeram todo sentido: “Happiness is here and now/ I have dropped my worries./ Nowhere to go./ Nothing to do./No longer in a hurry.”

Depois de uma semana me sinto transformado. As palavras do Thay ganharam outro significado devido a minha experiência direta. Minha confiança na prática aumentou e também sinto mais espaço interior. Meu desafio agora é levar minha Plum Village Portátil aonde quer que eu vá. Seja no trabalho, seja no trânsito, aonde que eu vá agora sei que há um lugar lá dentro onde posso encontrar a Plum Village que continua em mim. Para isso preciso nutrir constantemente essa Plum Village interior para que ela não desapareça.

sexta-feira, novembro 28, 2008

Mente

Como tudo vem da mente, tudo pode ser removido e transformado pela mente.

- Thich Nhat Hanh (Do livro "The Path of Emancipation")

quarta-feira, novembro 26, 2008

Férias


Esta semana não há post porque estou viajando para Plum Village fazer um retiro. Creio que será muito proveitoso estar na companhia de mestres e em um lugar tão especial, com tanta energia boa. Até a volta!

quarta-feira, novembro 19, 2008

Thay fala sobre meditação

Nessa semana sugerimos que você leia (clique aqui) uma reflexão de Thich Nhat Hanh sobre a prática da meditação.

Através da comparação da mente se tranquilizando com um suco de maçã, Thay ensina como nossa mente se comporta e dá instruções do que fazer e o que não fazer na prática da meditação. É precioso quando um mestre como Thay divide seus insights e nos orienta na meditação. Aproveite!

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terça-feira, novembro 18, 2008

Bênção

A maior bênção não é aquela que cai dos céus e nos é dada, mas é a felicidade que cada um de nós é capaz de gerar para si próprio.

-Thich Nhat Hanh

quarta-feira, novembro 12, 2008

Achando a Própria Mente

No texto (clique aqui) dessa semana Thich Nhat Hanh diz que quando estamos estressados com alguma coisa, ou muito ocupados, dizemos freqüentemente que estamos “perdendo a cabeça” [i.e, a mente]. Mas onde a sua mente estava antes de se perder e para onde ela teria ido? Você não pode dizer que ela está dentro do corpo, fora do corpo, ou entre eles. A mente não tem um local estabelecido.

Thay ensina que nós temos a tendência de pensar na mente como “aqui dentro” e no mundo como “lá fora”, a mente como subjetiva e o mundo, o corpo, como objetivo. Buda ensinou que mente e objeto da mente não existem separadamente, eles interexistem. Sem este, o outro não pode ser. Não há observador sem o observado. Objeto e sujeito se manifestam juntos.

Um texto instigante. Leia o texto, e divida seus insights em nosso blog.

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Insight Coletivo da Sangha (parte 4)

Um irmão da Sangha da Grécia colocou em uma lista de discussão da Ordem Interser seu sofrimento por sua dificuldade de praticar o 5o. Treinamento devido a problemas de saúde. Nessa série de diálogos estamos compartilhando da sabedoria coletiva da Sangha que o ajudou e com certeza te ajudará também a compreender melhor esse treinamento.

Pergunta:

Queridos Amigos,

Na semana passada tive um ataque cardíaco. Passei sete dias no hospital e fiz uma cirurgia em duas artérias. Agora estou em casa e preciso de repouso. Os médicos me passaram uma dieta especial à base de carne e, especialmente, peixes. Gostaria de continuar sendo vegetariano, sem consumir carnes ou peixes. Em maio último, em Hanói, Vietnã, recebi os 5 Treinamentos da Plena Consciência, de livre e espontânea vontade, na cerimônia transmitida por Thay. Gostaria de manter minhas promessas, principalmente o Primeiro Treinamento.

O que fazer nesta situação? Soube de uma médica em minha cidade que é contra dietas contendo carne, mas não posso consultá-la e receber sua orientação.

Quando vejo pessoas em nosso planeta morrendo de fome, percebo que meu problema é um pseudo-dilema. Perdoem-me.

Mas espero ouvir boas palavras de todos vocês .

Com amor, da ensolarada Thessaloniki, Grécia
G.

Resposta 04:
Querido G,

Lamento saber do seu ataque cardíaco - mas pare para pensar nas lindas respostas que você começou a receber da Sangha assim que decidiu compartilhar seu sofrimento com a orientação do médico. Thay nos diz repetidas vezes que nossas ações são resultado de nossa intenção e de nossa capacidade de ''estarmos no momento presente''. Lembro-me de uma resposta que ele deu à seguinte pergunta feita em nossa grande comunidade em Santa Bárbara, Califórnia, um ano atrás: "O que você faria se fosse convidado a ir à casa de alguém e ao chegar lá descobrisse que a anfitriã havia preparado frango para o jantar"? Thay respondeu, "É claro que eu comeria, não gostaria de magoá-la."

Enquanto se alimentam, os índios americanos sempre expressam gratidão ao animal por oferecer sua vida em prol da vida humana. Não estou querendo interferir na sua decisão, mas sei que seu problema cardíaco e o sofrimento gerado pela orientação médica mostram sua profunda compaixão e sua compreensão dos 5 Treinamentos da Plena Consciência. Obrigada por pedir a orientação da sangha. É um presente que você nos dá ao nos permitir sermos testemunha de sua dedicação e devoção aos Ensinamentos. Desejo-lhe bênçãos pela sabedoria, clareza e, acima de tudo, uma boa saúde.

S.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Se eu morresse amanhã

Essa semana sugerimos um pequeno texto (clique aqui) da irmã Chan Khong, a primeira colaboradora do Thay e com ele há 40 anos. Ele conta que uma vez Thich Nhat Hanh perguntou a ela se ela estava preparada para morrer.

Era uma pergunta profunda. Chan Khong refletiu e viu que não estava mas usou essa pergunta como um fator de transformação em sua vida. O texto conta essa transformação e as atitudes que ela tomou. Assim é o budismo, a pergunta do mestre leva a um olhar profundo sobre uma questão, trazendo insights que são capazes de nos mover no caminho da compreensão e do amor.

Você poderia morrer hoje? Leia o texto, reflita e responda essa pergunta em nosso blog.

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Insight Coletivo da Sangha (parte 3)

Um irmão da Sangha da Grécia colocou em uma lista de discussão da Ordem Interser seu sofrimento por sua dificuldade de praticar o 5o. Treinamento devido a problemas de saúde. Nessa série de diálogos estamos compartilhando da sabedoria coletiva da Sangha que o ajudou e com certeza te ajudará também a compreender melhor esse treinamento.

Pergunta:

Queridos Amigos,

Na semana passada tive um ataque cardíaco. Passei sete dias no hospital e fiz uma cirurgia em duas artérias. Agora estou em casa e preciso de repouso. Os médicos me passaram uma dieta especial à base de carne e, especialmente, peixes. Gostaria de continuar sendo vegetariano, sem consumir carnes ou peixes. Em maio último, em Hanói, Vietnã, recebi os 5 Treinamentos da Plena Consciência, de livre e espontânea vontade, na cerimônia transmitida por Thay. Gostaria de manter minhas promessas, principalmente o Primeiro Treinamento.

O que fazer nesta situação? Soube de uma médica em minha cidade que é contra dietas contendo carne, mas não posso consultá-la e receber sua orientação.

Quando vejo pessoas em nosso planeta morrendo de fome, percebo que meu problema é um pseudo-dilema. Perdoem-me.

Mas espero ouvir boas palavras de todos vocês .

Com amor, da ensolarada Thessaloniki, Grécia

G.

Resposta 03:

Caro G.,

Obrigada por compartilhar suas preocupações, fico muito feliz em saber que correu tudo bem na cirurgia ... Também estive no Vietnã e pratico budismo na França há dez anos:
Sua pergunta é sempre um dilema para os ocidentais. Posso repetir o que ouvi Thay dizer e o que meu mestre Sogyal Rinpoche e Sua Santidade, o Dalai Lama, costumam nos ensinar em Paris: Não devemos praticar os ensinamentos literalmente. O bom senso sempre vem em primeiro lugar e cuidar de si próprio é sua responsabilidade. Se a orientação é você comer peixe e carne para melhorar, então esta é sua principal responsabilidade agora: dedique-se à sua alimentação e sua intenção é o mais importante. Você recebeu como presente um bom alimento, portanta coma-o para estabelecer seu equilíbrio, em prol do bem-estar e da cura - por você e por todos os seres sencientes.
Seja grato e usufrua aquilo que lhe é oferecido.

Cuide-se bem e sinta a alegria do universo, agora que você pode cantar novamente e sentir a vida com muito mais plenitude e alegria.

T.

quinta-feira, outubro 30, 2008

Atenção Plena Correta

Em novembro tente praticar ao máximo a atenção plena correta. A Atenção Plena Correta, que é o terceiro passo do Nobre Caminho Óctuplo, está sempre no âmago de todos os ensinamentos de Buda. Ela é a energia que nos traz de volta para o momento presente. Cultivar a atenção plena significa cultivar o Buda interior, cultivar o Espírito Santo.

A Atenção Plena Correta tudo aceita, sem julgar nem reagir. É inclusiva e amorosa. Sua prática consiste em buscar formas para conseguir manter a atenção adequada durante todo o dia.

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quarta-feira, outubro 29, 2008

Insight Coletivo da Sangha (parte 2)

Um irmão da Sangha da Grécia colocou em uma lista de discussão da Ordem Interser seu sofrimento por sua dificuldade de praticar o 5o. Treinamento devido a problemas de saúde. A partir de hoje e nas próximas semanas vamos compartilhar da sabedoria coletiva da Sangha que o ajudou e com certeza te ajudará também a compreender melhor esse treinamento.

Pergunta:

Queridos Amigos,

Na semana passada tive um ataque cardíaco. Passei sete dias no hospital e fiz uma cirurgia em duas artérias. Agora estou em casa e preciso de repouso. Os médicos me passaram uma dieta especial à base de carne e, especialmente, peixes. Gostaria de continuar sendo vegetariano, sem consumir carnes ou peixes. Em maio último, em Hanói, Vietnã, recebi os 5 Treinamentos da Plena Consciência, de livre e espontânea vontade, na cerimônia transmitida por Thay. Gostaria de manter minhas promessas, principalmente o Primeiro Treinamento.

O que fazer nesta situação? Soube de uma médica em minha cidade que é contra dietas contendo carne, mas não posso consultá-la e receber sua orientação.

Quando vejo pessoas em nosso planeta morrendo de fome, percebo que meu problema é um pseudo-dilema. Perdoem-me.

Mas espero ouvir boas palavras de todos vocês .

Com amor, da ensolarada Thessaloniki, Grécia

G.

Resposta 02:
Oi, G,

Acabei de me lembrar de uma história sobre um monge que começou sua prática no templo Tu Hieu, em Hue (o mesmo templo em que Thay foi ordenado quando jovem e de onde é abade até hoje, pelo menos tecnicamente. Se eu me lembro bem da história, o monge levava uma vida muito simples, obedecia aos princípios budistas e era, inclusive, vegetariano. Sua mãe já era uma senhora idosa e vivia no templo com ele. Um dia, ele foi visto comprando peixe no mercado local. As pessoas em Hue começaram a comentar que o monge estava violando seus votos e consumindo peixe. Quando o imperador, que conhecia o monge, questionou-o a respeito, o monge lhe respondeu a verdade, ou seja, que sua mãe estava doente e que ele havia comprado o peixe para preparar um remédio para tratar sua doença. Dali em diante, o monge ficou conhecido como ´´O Filho Bom´´.

Corro o risco de estar criando minha própria versão de trechos da história, mas acho que ela ilustra bem que precisamos fazer o que é certo no momento, sem deixar que os treinamentos da plena consciência e o dharma tornem-se rígidos e causem sofrimento desnecessário. Se você e seu médico sentem que o consumo de peixe pode ajudar no tratamento, então pense no maravilhoso presente que o peixe está lhe oferecendo. Pessoalmente, acho que é algo que precisa ser muito valorizado. Se você acha que pode obter os mesmos benefícios consumindo soja ou outros extratos vegetais, aí está então outro presente maravilhoso. Acho que tem muito mais a ver com o modo como consumimos o alimento e ao que conferimos a ele do que com o tipo de alimento em si.

Espero que consiga descansar bem e que tenha uma rápida recuperação.

S.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Os Cinco Agregados

!Essa semana sugerimos que você estude um texto básico (clique aqui) de budismo. Thich Nhat Hanh nos ensina sobre os Cinco Agregados ou Skandhas

De acordo com o budismo, os seres humanos são compostos de Cinco Agregados (skandhas): forma, sensações, percepções, formações mentais e consciência. Os Cinco Agregados contêm em si tudo o que existe - tanto dentro como fora de nós, na natureza e na sociedade. Diferentemente da visão ocidental que é dualista, os cinco skandhas intersão. Observe com atenção os cinco rios que correm dentro de você e veja como cada um deles contém em si os outros quatro.

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quarta-feira, outubro 22, 2008

Insight Coletivo da Sangha (parte 1)

Um irmão da Sangha da Grécia colocou em uma lista de discussão da Ordem Interser seu sofrimento por sua dificuldade de praticar o 5o. Treinamento devido a problemas de saúde. A partir de hoje e nas próximas semanas vamos compartilhar da sabedoria coletiva da Sangha que o ajudou e com certeza te ajudará também a compreender melhor esse treinamento.



Pergunta:

Queridos Amigos,

Na semana passada tive um ataque cardíaco. Passei sete dias no hospital e fiz uma cirurgia em duas artérias. Agora estou em casa e preciso de repouso. Os médicos me passaram uma dieta especial à base de carne e, especialmente, peixes. Gostaria de continuar sendo vegetariano, sem consumir carnes ou peixes. Em maio último, em Hanói, Vietnã, recebi os 5 Treinamentos da Plena Consciência, de livre e espontânea vontade, na cerimônia transmitida por Thay. Gostaria de manter minhas promessas, principalmente o Primeiro Treinamento.

O que fazer nesta situação? Soube de uma médica em minha cidade que é contra dietas contendo carne, mas não posso consultá-la e receber sua orientação.

Quando vejo pessoas em nosso planeta morrendo de fome, percebo que meu problema é um pseudo-dilema. Perdoem-me.

Mas espero ouvir boas palavras de todos vocês .

Com amor, da ensolarada Thessaloniki, Grécia

G.

Resposta 01:
Caro G,

Você se lembra de mim? Ficamos juntos no mesmo grupo de discussão do Dharma no Vietnã e na época te contei sobre meu câncer.

Fiquei muito triste em saber que vc sofreu um ataque cardíaco. Isso é sério e é muito importante você cuidar bem do seu corpo neste momento.

Desculpe-me, meu inglês não é muito bom, mas sinto que preciso te responder, pois vejo como está sofrendo (falo por mim). Escute, querido G., tive exatamente o mesmo problema e meus médicos me mandaram comer peixe por um certo tempo, pois meu corpo estava muito fraco..

Foi muito difícil para mim, vários amigos me disseram para não seguir a orientação dos médicos, mas senti - nesta situação específica, após a radioterapia - que meu corpo precisava disso. Apesar de comer muito tofu, frutas secas e algas, meu organismo parecia debilitado.

Então decidi comer peixe por um tempo e foi muito bom para mim.

Caro G, acredito que seja muito importante vc comer carne ou peixe agora. Se comer em plena consciência (eu sempre me pedia desculpas e agradecia profundamente ao peixe, por me dar sua vida em prol do bem estar do meu corpo), não há como errar.

Após dois meses, não precisei mais me alimentar de peixes, me senti muito bem e pude voltar à minha alimentação vegetariana normal.

Isto me lembrou de algo que aconteceu comigo quando eu estava trabalhando na Bósnia, logo após a guerra. Fui convidada para jantar na casa de uma família local e havia apenas carne à mesa, pois as hortaliças eram caras demais. O que fazer nessa hora? Para mim, o mais correto parecia não ofender aquelas pessoas, que estavam lutando pela sobrevivência. Conseqüentemente, comi carne, mas com muita plena consciência, gratidão, e olhando profundamente para aquela situação.

Querido G, meu inglês é muito ruim, mas quis te dar uma resposta do fundo do meu coração. Espero que possa se recuperar, seja com carne, peixe ou sem nenhum deles, como você preferir. Se você optar por consumir peixes ou carne, por favor, não se culpe. Agora você precisa de toda a sua energia para se recuperar.
Desejo-lhe tudo de bom. E levarei este meu desejo em meu coração.

uma flor de lótus para você

C.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Os Tipos de Amor

Nesse texto (clique aqui) o Buda, no romance do Thay, nos fala sobre os diversos tipos de amor. Há o amor que permanece misturado com apego e discriminação. As pessoas querem apenas amar seus pais, esposos, filhos, netos, seus parentes etc. Apego e discriminação são fontes de sofrimento para nós mesmos e para os outros.

Mas o Buda nos fala que o amor pelo qual todos os seres estão verdadeiramente famintos é a bondade amorosa e a compaixão. Bondade amorosa é o amor que tem a capacidade de levar felicidade para outro. Compaixão é o amor que tem a capacidade de remover o sofrimento do outro. Eles não causam sofrimento ou desespero.

Nesse texto esses diferentes tipos de amor são explicados através de um diálogo esclarecedor entre o rei Pasenadi e o Buda.

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terça-feira, outubro 14, 2008

Soltando nossas vacas

Muita alegria e felicidade vêm de sair ou deixar algo para trás. Suponha que você está sofrendo com o barulho, poluição e estresse da cidade. É sexta-feira de tarde e você quer sair. Você entra no seu carro e dirige. Uma vez que está no campo com bonitas árvores, céu azul e o canto dos pássaros, você sente alegria. A alegria que você experimenta de estar no campo nasceu de ter abandonado a cidade, de ter deixado algo para trás.

Há muitas coisas que não somos capazes de deixar para trás que nos prendem. Pratique olhar em profundidade para essas coisas. No começo, pode achar que elas são vitais para nossa felicidade, mas elas podem, na verdade, serem obstáculos para sua verdadeira felicidade, causando seu sofrimento. Se você não está feliz por que está preso nelas, deixá-las para trás será fonte de alegria para você. O Buda e muitos de seus discípulos experimentaram isso, e passaram sua sabedoria para nós. Por favor, olhe para as coisas que você acha necessárias para o seu bem estar e felicidade e descubra se elas te trazem felicidade ou estão quase te matando.

Um dia o Buda estava sentado com um grupo de monges na floresta perto de Sravasti. Eles haviam acabado de almoçar e estavam em uma pequena palestra de Dharma. De repente um fazendeiro se aproximou. Estava visivelmente chateado e gritou, “Monges! Vocês viram minhas vacas?”

O Buda disse, “Não vimos nenhuma vaca.”

“Sabem monges”, o homem disse, “Eu sou a pessoa mais miserável na Terra. Por alguma razão minhas 12 vacas fugiram esta manhã. Eu tenho apenas dois acres de plantação de gergelim e este ano os insetos comeram todas as plantas. Penso que vou me suicidar.” O fazendeiro estava realmente sofrendo.

Cheio de compaixão o Buda disse. “Não senhor, não vimos suas vacas. Talvez você deva procurá-las em outro lugar.”

Quando o fazendeiro se foi, o Buda virou para seus monges, olhou para eles profundamente, sorriu e disse, “Queridos amigos, vocês sabem que são as pessoas mais felizes do mundo. Vocês não têm vacas para perder.“ [risos]

Portanto amigos, se vocês têm vacas, olhem profundamente para a natureza delas para ver se elas estão trazendo felicidade ou sofrimento. Vocês deveriam aprender a arte de soltar suas vacas. A chave é deixar ir e libertar a si mesmo. Um monge ou monja deveria apenas ter três robes e uma tigela, porque liberdade é a posse mais valorosa.

Liberdade é a base de nossa felicidade. Não podemos ser felizes se estamos presos. Solidez e liberdade são a base autêntica de nossa felicidade. É por isso que praticamos para restabelecer nossa liberdade e criar espaço ao nosso redor. Também, quando você ama e é amado, se não há liberdade, seu amor pode ser sufocante. Você não pode ser livre com este tipo de amor que tira sua liberdade e não permite que você seja você mesmo. Este tipo de amor não é autêntico; é uma vaca. Você deve achar coragem de deixar suas vacas irem.

- Thich Nhat Hanh (Retiro nos EUA em 27 de maio de 1998. Do livro "The Path of Emancipation")

quinta-feira, outubro 09, 2008

Como Transformar o nosso Adubo

Sugerimos que você leia o texto (clique aqui) onde Thich Nhat Hanh fala sobre a transformação de nossas sementes não saudáveis.

Ele compara o praticante a um jardineiro orgânico que transforma adubo em flores. Nós devemos praticar para transformar nossa raiva, nossa angústia, nossa depressão em amor e compreensão. O praticante não é aquele que não tem raiva ou angústia, mas aquele que sabe transformá-las. Nesse texto Thay nos ensina como praticar para conseguir essa transformação.

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quinta-feira, outubro 02, 2008

As Três Respostas

Essa semana trazemos a você um texto (clique aqui) que é a parte final de uma carta de Thay para Quang, seu substituto na Escola da Juventude para Serviços Sociais no Vietnã, com instruções de como preparar os novos militantes pacifistas. Thich Nhat Hanh nesse texto conta uma história de Tolstói procurando responder 3 perguntas:

Qual o tempo mais oportuno para se fazer cada coisa?
Quais as pessoas mais importantes com quem trabalhar?
Qual a coisa mais importante a ser feita?

Uma leitura surpreendente (clique aqui). Seja generoso e divida seu insight sobre o texto em nosso blog.

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quinta-feira, setembro 25, 2008

Não seja enganado pelas palavras e idéias

Sugerimos que você estude o pequeno texto (clique aqui) onde Thay explica uma das palestras de Dharma do mestre Lin Chi.

No texto Thay dá uma série de mensagens importantes. Ele diz "Seja você mesmo. Não tente ser ninguém mais. Ser uma pessoa comum já é maravilhoso." Thay também nos alerta que prática não é trabalho duro e que palestras de Dharma não são a verdade. O Dharma verdadeiro existe na mente dos estudantes como sementes e as palestras de Dharma são apenas como pequenas nuvens que liberam chuva e fazem com que as sementes nas mentes dos praticantes brotem e se manifestem.

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Minha prática do 5o. Treinamento

Quando tomei os Cinco Treinamentos achava que seria algo muito distante parar de beber. Havia outros pontos do treinamento por onde poderia iniciar meu trabalho de transformação e, na verdade, eu não entendia muito porque eu deveria parar. Afinal, eu não era alcoólatra, e nem bebia tanto assim. Bebia socialmente como se diz.

Com o tempo, a força do treinamento se fez manifestar e realmente diminuí a quantidade de álcool que eu ingeria, mas parar era algo ainda difícil. O álcool funcionava como elemento de socialização e relax e a me faltava uma razão, um motivo.

Há pouco mais de um ano uma pessoa passou a freqüentar a nossa Sangha e logo de cara compartilhou com todos seu problema com álcool. Com a seqüência de encontros passamos a dividir e sentir junto com ele as dores de ser um dependente. Ele é uma pessoa doce e amável e passou a freqüentar semanalmente o grupo o que só me fez estimá-lo, admirá-lo e sentir muita dor a cada vez que ele tinha uma crise e voltava a beber. Pude sentir seu sofrimento e seu desespero.

Em um retiro no ano passado veio o insight. O fato de eu beber contribuía para a indústria do álcool que era justamente o que o fazia sofrer. É difícil parar de beber vendo tanta gente bebendo. Percebi claramente o interser. Ele sofre como sofre porque eu bebo. Me senti responsável pela sua dor e decidi parar de beber. A consciência do sofrimento que fala o treinamento caiu como um raio e vi claramente todas as ligações e a conseqüência de meus atos.

Deixei de beber por muito tempo, até que relaxei e bebi uma taça de vinho em um jantar na minha casa, e depois um copo de cerveja em outro evento e assim por diante. Só conseguia beber um copo, porque a cada gole a consciência do sofrimento estava presente. Creio que o processo em mim é assim mesmo, em ondas. A consciência vai se aprofundando aos poucos. Depois de um novo retiro esse ano, e após ler os depoimentos da revista Mindfulness Bell, minha conscientização se tornou mais profunda e minha plena atenção mais forte para me alertar da conseqüência de meus atos.

Percebi também o interser entre os treinamentos. Não beber, significa não matar. O meu companheiro de Sangha está se matando a cada porre, como outros tantos com o mesmo problema. Eu beber também estou ajudando a matá-lo. Não beber também significa generosidade. Estou abrindo mão de um hábito, por causa dessas pessoas. Não beber ajuda a manter o compromisso de responsabilidade sexual. Outra companheira de Sangha foi abusada quando criança pelo pai que bebia muito. Não beber é poder controlar a fala e ouvir melhor. Quem nunca ouviu conversa de bêbado? Todos falam, ninguém ouve.

Há bastante tempo não bebo nada com álcool e meu compromisso é, através dessa minha renúncia, ajudar de alguma forma aqueles que não tem escolha. Aqueles para os quais o primeiro copo significa também o vigésimo e com conseqüências tristes.

- Leonardo Dobbin

quinta-feira, setembro 18, 2008

Phap Hai: Cultivando a Base do Ser

Sugerimos que você estude a palestra de Dharma (clique aqui) compartilhada pelo irmão Phap Hai, monge do Deer Park Monastery, que nas últimas duas semanas esteve conosco aqui no Brasil.

Phap Hai chama os praticantes espirituais de "cultivadores", cultivadores das sementes que nós temos em nossa consciência, criando condições que permitam que as sementes positivas venham adiante. Em vez de ser uma prática de trabalho duro, através do cultivo da plena consciência nós permitimos que nossa sabedoria inata floresça, no seu próprio tempo e modo.

Através da comparação com a fábula da busca dos cavaleiros do Rei Arthur pelo Santo Graal, ele mostra que o cultivo nos guia através da busca pelo nosso Graal, nossa aspiração mais profunda. Ele nos conduz pela fábula, misturadas com histórias do Buda e ensinando em profundidade.

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Experiência com o 5o. Treinamento

Dois anos depois de descobrir Thay e seus ensinamentos, decidi parar de beber álcool. Havia muitas razões. Eu tinha acabado de passar seis meses na Índia sem beber nada de álcool e estava inspirada a continuar esta prática. Eu também testemunhei os terríveis efeitos do vício no álcool em alguém, muito querido. E eu estava profundamente inspirada pelos ensinamentos do Thay – é melhor ser plenamente consciente do que está acontecendo dentro de nós mesmos ao invés de nos perdermos em uma taça de vinho.

No início, quando socializava com amigos, eu tinha muitas explicações para dar. Aparentemente, não beber é mais incomum que ser vegetariano. A parte mais difícil era, de longe, como explicar minha decisão para amigos sem fazê-los sentir que eu estava de algum modo os julgando. Depois de eles reconhecerem minhas preferências, mesmo se não entendiam completamente, muitos fizeram um esforço especial para servir adoráveis refrigerantes ou sucos, ao invés de uma garrafa de vinho.

Assim, o álcool completamente sumiu do meu sistema e dos meus pensamentos. Eu saltava as bebidas alcoólicas no supermercado e desfrutava de uma variedade de refrigerantes. Eu nunca realmente bebi muito, mas ao parar completamente me tornei consciente de como eu havia usado o álcool. Era o modo que eu lidava com o stress na minha vida. Depois do trabalho, apenas uma taça de vinho induziria um sentimento relaxado, aconchegante que me permitia deixar ir tudo. “Portanto, o que está errado com isso?” Eu costumava dizer a mim mesma, especialmente se uma taça de vinho faria esse truque. Contudo, o vinho suavemente mascarava o problema sem contribuir em nada para a solução. Porque eu me permitia ficar tão estressada pelas coisas que aconteciam no trabalho?

Passando a beber somente chá, também me permitiu reconhecer o papel do álcool em nossa sociedade. Eu descobri o quanto é socialmente inaceitável não beber. Há um estigma associado a isso e se presume que os únicos que param completamente de beber são os alcoólatras.

Depois de seis anos sem beber álcool, eu gradualmente me tornei menos estrita na minha prática. Ocasionalmente, quando socializando com amigos e colegas, eu tomava uma taça de vinho. Eu gostava do gosto e a sensação de estar confortavelmente confraternizando, o que é muito importante para nós nos Países Baixos. Mas isso também significou que o álcool começou a crepitar na minha vida novamente. No supermercado, eu comecei novamente a olhar para os vinhos. Ou quando pedalava do trabalho para casa, sentia um desejo por uma taça para um relaxamento imediato. Eu resisti, mas percebi que por muitos anos não havia nada para eu resistir – porque quando não estava bebendo álcool os desejos tinham ido. Eu acho que esse é um considerável benefício de parar completamente – você não tem que pensar sobre isso. Nunca!

Portanto, eu escolhi parar novamente, mas desta vez com um profundo entendimento das razões. Razões que me dão a confiança de acreditar que eu irei evitar o destino do famoso fumante que disse “parar é fácil, eu já fiz isso várias vezes.”

- Evelyn van Veen (Shining Strenght of the Heart) Amsterdam, Países Baixos

quarta-feira, setembro 10, 2008

Amor Verdadeiro

No texto dessa semana podemos estudar a reflexão de Thich Nhat Hanh sobre o amor verdadeiro (clique aqui). Ele diz que devemos realmente compreender a pessoa que queremos amar. Se nosso amor não passa de uma vontade de possuir, ele não é amor. Devemos olhar em profundidade para ver e compreender as carências, as aspirações e o sofrimento da pessoa amada. É essa a verdadeira base do amor.

No texto Thay também explica a meditação sobre a compaixão, a meditação sobre o amor, a meditação do abraço, que vale a pena aprender para praticar, e para finalizar, uma lindíssima história sobre o rio que descobre sua verdadeira essência.

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Reflexão sobre o 5o. Treinamento

Nos meus estudos, aprendi que o insight era uma das portas para a liberação e que não-eu, impermanência e não-sofrimento eram as chaves para o insight. Estas eram idéias interessantes, mas eu não conseguia realmente descobrir como praticá-las. Resultou que minha prática com álcool me deu meu primeiro lampejo dentro do não-eu.

Inicialmente, quando eu praticava o Quinto Treinamento de Plena Atenção, era sempre forçado, quase um esforço físico evitar beber. Às vezes esta técnica não funcionava e eu acabava bebendo. Nesses casos eu frequentemente tentei trazer minha plena consciência à minha bebida, tomando ciência de como ela me fazia sentir. Eu trazia consciência para as razões que me levavam a beber e descobria o desejo de me conectar mais profundamente com os outros, de escapar das emoções negativas e para me sentir mais confiante. Às vezes notar esses desejos fazia com que minha cerveja não fosse terminada.

Com o tempo, eu vi como minha vida estava melhorando por reduzir o consumo de álcool. Embora ocasionalmente me sentisse como se estivesse faltando algo para a alegria. Outras vezes era o oposto, um sentimento de culpa por beber e ir contra meu voto. E outras vezes eu subia no meu cavalo alto e dizia a meus amigos o quanto eles eram maus por beber.

Plena atenção fez com que fosse cada vez mais fácil não beber. Eu comecei a me sentir mais livre. Então algo mudou - eu percebi como o fato de eu beber encorajaria meus amigos a beber. É fácil beber quando outros estão fazendo isso. Eu vi que ao comprar uma cerveja, estava pagando pelos anúncios da indústria do álcool. Eu era parcialmente responsável pelo problema do alcoolismo que temos em nossa sociedade. Meu ponto de vista se deslocou - não era mais apenas somente sobre mim. Quando eu vi isto pela primeira vez, e entendi isso em meu coração, então neste momento todo desejo de beber foi removido. Não havia sentimento de culpa, não havia sentimento de estar perdendo algo, nenhum desejo de escapar. Substituindo o desejo estava um sentimento de amor e cuidado pelos meus amigos. Eu percebi que poderia me conectar com eles de um modo verdadeiro sem a necessidade de álcool. Eu poderia estar com eles sem julgá-los pelo fato deles beberem. Eu me senti muito livre. Eu senti que pela primeira vez em minha vida, minhas intenções finalmente estavam em linha com minhas aspirações.

O insight do não-eu e a mente do amor estão presentes com sua voz clara: não é apenas sobre mim.

- Paul Baranowski (Solid Awakening of the Heart), Toronto Canadá
Publicado na revista Mindfulness Bell n. 48

quinta-feira, setembro 04, 2008

A Energia Habitual da Raiva

Thich Nhat Hanh nos conta no texto dessa semana (clique aqui) a história de David e Angelina. Uma fábula muito bonita e rica de ensinamentos sobre o comportamento humano.

David sempre culpava os outros pela sua infelicidade. Ele fazia sofrer as pessoas mais próximas. Apesar de não querer que elas fossem infelizes, o hábito era tão forte, que ele não conseguia evitar suas atitudes. Angelina é a companheira, aquela pessoa muito agradável que passa a fazer parte da nossa vida e, se soubermos cuidar dela, nossa vida adquire mais significado. Como David não soube tomar conta de si mesmo e da energia que existia em seus hábitos não soube cuidar da sua Angelina. É por esse motivo que as Angelinas nos deixam, por sofrerem muito com o nosso comportamento.

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Aviso Importante - Descontos para estadia em Plum Village

A Irmã Harmonia, de Plum Village, nos informa que aqueles que gostariam de viajar para Plum Village e não podem pagar pela estadia, serão hospedados pela metade do valor da acomodação. De forma a apoiar pessoas que viajam do Brasil, Plum Village cobrará apenas metade do custo normal de forma que as pessoas de poucos recursos possam ir e praticar junto aos monásticos na Europa.

Não perca essa oportunidade de praticar junto a maior Sangha ligada ao Thay!

quinta-feira, agosto 28, 2008

As Três Jóias

Sugerimos essa semana que você estude o texto (clique aqui) sobre as Três Jóias: O Buda, o Dharma e a Sangha.

Thay nos ensina que a raiz da palavra Buda significa despertar, tomar conhecimento, compreender. E aquele que desperta e compreende é chamado de Buda. Simplesmente isso! O Dharma, isto é, o que Buda ensinou, é o caminho da compreensão e amor: como entender, como amar, como transformar esses conhecimentos numa realidade. Sangha é a comunidade que vive consciente e em harmonia.

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quarta-feira, agosto 27, 2008

Reflexão sobre o 5o. Treinamento de Plena Atenção

Este é o Quinto Treinamento de Plena Atenção: Consciente do sofrimento causado pelo consumo irrefletido, comprometo-me cultivar boa saúde, tanto física como mental para mim, minha família e para a sociedade praticando o ato de comer, beber e consumir de modo consciente. Farei ingestão de produtos que preservem a paz, o bem-estar e a alegria em meu corpo, em minha consciência, no corpo da coletividade, na consciência de minha família e da sociedade. Estou determinado a não ingerir álcool ou outro tóxico, alimentos ou produtos que contenham toxinas tais como alguns programas de TV, revistas, livros, filmes e conversas. Estou consciente de que prejudicando meu corpo e minha consciência com estes venenos estou traindo meus antepassados, meus pais, a sociedade e as futuras gerações. Trabalharei para transformar a violência, o medo, a angústia e a confusão em mim e na sociedade adotando hábitos de consumo salutares para mim e para sociedade. Compreendo que uma conduta adequada é importante tanto para a autotransformação como para a transformação da sociedade.

Depoimento: Eu sofri muito devido ao que ingeri no passado. Enquanto crescia, minha família era muito infeliz e não éramos capazes de ficarmos próximos e nos apoiar. Como resultado, todos nós desenvolvemos vícios pela comida e pela TV, entre outros hábitos não saudáveis. Juntando-me à Sangha e ouvindo este treinamento, soube que tinha que mudar o modo fundamental como eu estava me relacionando comigo mesmo. Eu não mais quis negligenciar meu corpo e ser aterrorizado pelos meus pensamentos e sentimentos perturbadores. Eu tomava refúgio na comida, no esnobismo intelectual, na expressão criativa não saudável e numa atitude julgadora. Naquele momento eu queria deixar estes refúgios. Mas como eu poderia fazer tal mudança radical?

Este treinamento me faz ficar em contato com muitos elementos de que eu sou feito. Cultivando consciência, eu posso escolher que elementos permitir entrar em mim para se tornarem o futuro eu. Eu aceito que sou vulnerável, afetado por tudo no meu ambiente e também que sou poderoso, apto a direcionar meu futuro por saber quais ambientes me permitirão crescer saudável e quais não permitirão. Quando eu identifico o sofrimento, posso examinar o que tenho consumido – o que como, o que presto atenção, o que penso, o que digo ou participo. Fazendo isso tenho a confiança que dei um bom passo em direção ao bem-estar.

Agora quando como, eu penso: "Quero comer esta comida porque meu corpo deseja o nutriente ou porque me sinto agitado e quero ignorara agitação?" Se meu corpo deseja ser nutrido pela comida, ao comer estou sendo compassivo e amoroso comigo mesmo. Se estou me sentindo agitado, preciso me dar compaixão, tomar conta de mim mesmo retornando à minha respiração e acalmando a agitação.

Quando eu compro coisas, trazendo consciência eu posso perguntar: "Estas coisas me trarão alegria depois?" Eu convido minhas motivações a se revelarem e também minhas necessidades. E então eu me pergunto, o que me traz alegria e paz? Desta maneira posso conhecer meu verdadeiro eu e prestar atenção a todas as coisas maravilhosas ao meu redor que me trazem alegria, solidez e clareza. Eu preciso ser compassivo e usar essas oportunidades para me nutrir agora de forma que possa ser forte no futuro.

Este treinamento me leva ao refúgio da sangha, para o ambiente saudável que ela provê. Na sangha eu consumo estabilidade, sanidade e amor. Eu participo alegremente da corrente da vida nos meus pares ao permitir que meu coração se abra. Estando presente eu os nutro e sou nutrido por eles, e minha vida tem sentido. A partir deste treinamento eu reconheço que minha prática é alimento para mim mesmo e para todos que conheço. Eu pratico este treinamento por minha família de forma a amá-los melhor, por meus ancestrais cujos ambientes os preencheram com degradação e desejo e, portanto eles perderam a oportunidade de desenvolver a capacidade de amar e serem amados.

- Scott Morris (Realizing Vision of the Heart) - Toronto, Canadá

(Publicado na revista Mindfulness bell n. 48 - Traduzido por Leonardo Dobbin)

domingo, agosto 24, 2008

Carta do Thay ao Presidente do KFC

Dharma Cloud Temple
Plum Village Meditation Practice Center
Dordogne, France

David C. Novak, CEO e Presidente
Yum! Brands, Inc.


Prezado Sr. Novak,

Espero que minha carta o encontre em boas condições de saúde.

Ouvi relatos de que os fornecedores do KFC cortam o pescoço de frangos conscientes, que muitas aves ainda estão conscientes ao passarem pelo processo de escaldamento e que o KFC recusa-se a convencer seus fornecedores a adotarem métodos mais humanitários, seja para as aves ou para os seres humanos envolvidos no processo.

Também fui informado de que os frangos produzidos para o KFC são genética e farmacologicamente manipulados para se desenvolverem muito rapidamente, de forma tão pouco natural, que acabam incapacitados devido ao excesso de peso corporal. É muito constrangedor observar tudo isso.

Tenho oferecido retiros para líderes empresários como o senhor; muitos de meus amigos são executivos também e entendo as pressões que devem sofrer. Também tenho certeza de que o senhor tem muita compaixão no coração. Se esses relatos forem verídicos, por favor, pare e reconsidere-os. Nenhuma criatura com sentimentos deve ser tratada com tamanha crueldade. Qualquer tratamento com brutalidade fere não apenas cada uma dessas aves, mas também cada um de nós, inclusive o senhor e seus entes queridos. Se olhar profundamente, tenho certeza de que verá a questão com clareza e terá determinação para buscar outro caminho. Acredito que já saiba, em seu coração, que nosso sucesso na vida não pode ser medido apenas em dólares e centavos.

Por favor, reflita e faça o melhor possível, pelo menos ao implantar as recomendações de seus próprios consultores na área de bem-estar animal. Estou à sua disposição e ficaria feliz em ter notícias. As cartas poderão ser enviadas aos cuidados de minha assistente, Sister Pine (ubcadmin@earthlink.net).

Prezado amigo, muito obrigado por ler esta carta.
Thich Nhat Hanh (Mestre Zen)

(traduzido por Denise Kato)

quinta-feira, agosto 21, 2008

Práticas de Paz

O texto dessa semana (clique aqui) foi retirado de uma palestra pública de Thay na Universidade de San Diego em 2007 para mais de 2.000 pessoas. A parte que selecionamos mostra práticas para obtermos paz.

Thay nos ensina que a prática da paz envolve corpo e mente. A paz pode começar apenas com levar nossa atenção à nossa inspiração. Thay propõe uma série de exercícios concretos para levar paz ao nosso corpo e a nossa mente extraído diretamente dos ensinamentos do Buda. No texto Thay nos mostra também como lidar com sentimentos dolorosos.

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quinta-feira, agosto 14, 2008

O Caminho para o Bem Estar (parte 3)

Essa semana sugerimos que você termine de estudar (clique aqui) o caminho para o bem-estar. Continuando o texto da semana passada, a irmã Annabel, monja sênior do Thay e abadessa do monastério de Green Mountain, nos ensina práticas associadas às Quatro Nobres Verdades. De uma forma original, ela nos mostra o caminho ensinado pelo Buda para o bem-estar.(clique aqui)

Ela nos ensina que as Quatro Nobres Verdades são uma prática, e não devemos apenas cortar o sofrimento fora, bani-lo, mas descobrir suas causas. E vamos remover as causas, porque não queremos tratar os sintomas, queremos tratar as raízes do nosso sofrimento. Nessa semana vamos estudar o Esforço Correto, a Atenção Plena Correta e a Concentração Correta.

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Sangha do Thay em Natal

É com muita alegria que posso te dar a notícia da criação de mais uma Sangha ligada ao Thay no Brasil. A Sangha de Natal depois de um longo período de gestação finalmente nasceu. Estão todos convidados para o encontro de apresentação que acontecerá na quarta-feira, 20 de agosto, às 21:30 hs na Academia Central de Aikido, rua Professor João Ferreira de Melo, atrás do CCAB Sul. Para mais informações sobre como chegar, acessem: http://www.aikidorn.com.br/aikidorn/V2/index.html

Na reunião os idealizadores do projeto da comunidade - Antonino Condorelli e Gabriel Lopes - apresentarão a mensagem de Thây, divulgarão material sobre seus ensinamentos, ilustrarão as suas próprias experiências de prática e discutirão junto aos interessados e as interessadas sobre como organizar a nascente Sangha. No encontro serão também apresentadas as atividades e os projetos da organização-não-governamental Coletivo Quan An, inspirada nos princípios do Budismo Engajado.

Se você mora em Natal, não deixe de ir e aproveitar essa oportunidade única de participar de uma Sangha.

quinta-feira, agosto 07, 2008

O Caminho para o Bem Estar (parte 2)

Essa semana sugerimos que você continue estudando (clique aqui) sobre o caminho para o bem-estar. Continuando o texto da semana passada, a irmã Annabel, monja sênior do Thay e abadessa do monastério de Green Mountain, nos ensina as Quatro Nobres Verdades de uma maneira diferente. Em uma formulação positiva, ela nos mostra o caminho ensinado pelo Buda para o bem-estar.(clique aqui)

Ela nos ensina que as Quatro Nobres Verdades são uma prática, e não precisamos ser eruditos para entendê-las. Precisamos apenas ser praticantes. Não precisamos nem mesmo ser budistas. No texto ela nos ensina uma prática bem concreta de trazermos as Nobres Verdades para nossa vida. Nessa semana vamos estudar a Fala Correta, a Ação Correta e o Meio de Vida Correto.

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segunda-feira, agosto 04, 2008

Obrigado Thay

Querido Thay,

Eu recentemente fiz um retiro com o professor de Dharma Larry Ward. O insight e a plena atenção que aprendi foram muito úteis para minha prática e essenciais para meu crescimento.

Você não deve lembrar, mas em 1995 eu estava preso na Prisão Estadual de Folsom. Enquanto estava lá, sua organização me mandou uma assinatura grátis da revista Mindfulness Bell. Iniciamos um grupo de meditação e você doou muitos livros e fitas de áudio. Quando fui solto em 1997 nosso grupo tinha crescido para mais de 300 homens que se encontravam semanalmente para sentar em meditação. Eu ouvi dizer que agora o grupo cresceu para pelo menos 80 prisões, com mais de 3.000 homens meditando diariamente. Os livros e a ajuda em meditação que você nos deu são ainda parte da biblioteca de meditação da Prisão Folsom.

Eu permaneci com minha prática e o que aprendi dos seus livros e ensinamentos me ajudou a ser bem sucedido com minha liberdade. Por isso eu devo dizer obrigado.

Eu também tomei as Três Jóias e os Cinco Treinamentos de Plena Atenção esta manhã no nosso retiro com Larry Ward.

Eu agora começo a usar meu talento para ensinar a mais prisioneiros sobre meditação através de um jornal/newsletter. Você pode ler sobre ele no meu website (http://m-squared.org/dharmaseeds.html)

Eu espero que algum dia possa te conhecer pessoalmente e me curvar em reverência pelo que você me passou através dos seus ensinamentos – pelos quais serei sempre grato.

Paz,

Mark Maxey
Oklahome City

(Carta publicada na revista Mindfulness Bell n. 48 - Traduzido por Leonardo Dobbin)

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quinta-feira, julho 31, 2008

O Caminho para o Bem Estar

Você sabe qual o caminho para o bem-estar? A formulação comum das Quatro Nobres Verdades fala do caminho do sofrimento, mas a irmã Annabel, monja sênior do Thay e abadessa do monastério de Green Mountain, nos ensina de uma maneira diferente. Em uma formulação positiva, ela nos mostra qual o caminho para o bem-estar.(clique aqui)

Ela nos ensina que as Quatro Nobres Verdades são uma prática, e não precisamos ser eruditos para entendê-las. Precisamos apenas ser praticantes. Não precisamos nem mesmo ser budistas. No texto ela nos ensina uma prática bem concreta de trazermos as Nobres Verdades para nossa vida.

Um texto básico de budismo. Leia (clique aqui) e aprenda.

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quarta-feira, julho 30, 2008

Contemplação sobre o retiro em Deer Park por um novato (por Jim Dudley)

Sou um policial por mais de 27 anos na polícia de San Francisco. É um trabalho desafiador, recompensador, mas às vezes difícil. Eu já vi mais que minha parcela de violência e tragédias humanas. (...) Quando minha parceira Susan sugeriu que eu a acompanhasse no retiro em setembro, eu prontamente aceitei. Susan é médica com um estilo de vida similar ao meu – trabalho é importante, valoroso e recompensador, mas também muito estressante. Ela segue o Mestre Thich Nhat Hanh e possui e lê muitos de seus livros.

Nos registramos, fizemos nossa tenda e caminhei pela área. Inicialmente estava um pouco apreensivo sobre os dias seguintes, mas me soltei enquanto caminhávamos montanha acima e olhamos no cânion abaixo. A vista é calmante. (..) Subimos ao deck que tem uma vista do cânion, e que é perto do pagode. As árvores circundam o complexo como vigias. O cheiro das árvores de pimenta ainda está comigo. (...)

Susan e eu somos quase vegetarianos, portanto a mudança na dieta não foi difícil para nenhum de nós. As refeições eram ótimas e era óbvio que muito cuidado e pensamento acontecia a cada refeição preparada para nós. Nosso grupo de discussão de Dharma, “Nomes Verdadeiros”, tinha a tarefa de limpeza, tornando os potes e panelas limpos de novo. Era um trabalho bom, limpo e plenamente consciente que desfrutamos como time.

Quando o grupo de Dharma primeiramente se reuniu no nosso segundo dia, minhas primeiras impressões pegaram o melhor de mim. Eu era muito rápido para julgar as pessoas, aborrecido quando alguém pediu para mover o grupo de um local para outro ou quando alguns falavam muito mais frequentemente que outros. Nos apresentamos seguindo o círculo mas isto foi muito breve. Era aparente que todos éramos da área de San Francisco. Conversamos sobre a palestra de Dharma do Thay e o que isso significou para nós. Pelo menos, alguns de nós falamos. Parecia que aqueles que já pertenciam a Sanghas tinham mais a falar. Eu não estava certo sobre o protocolo, portanto me mantive quieto, preferindo ao invés ouvir e aprender. Eu deixei o grupo me sentindo um pouco frustrado, (...) sentindo como se estivesse em um encontro do clube que eu não era membro.

Não me ajudou o fato de no jantar e depois nos mantivéssemos em silêncio. Eu não podia expressar algumas de minhas frustrações e ignorância a Susan até depois do almoço do dia seguinte. É claro que na tarde seguinte, Susan me desarmou com sua habitual e calma razão. Sua voz suave foi um morno boas vindas depois do silêncio prolongado não familiar. Ela me encorajou a me manter um livro aberto, experimentar os ensinamentos, ouvir e aprender da nossa irmã no Dharma e dos outros no grupo. Eu segui seu conselho com renovada determinação. Eu estava plenamente consciente da respiração. Tornei mais lento meu passo durante a meditação caminhando. Senti meu usual pescoço rígido soltando um pouco.

Eu estava cético com relação às palestras de Dharma. Isto mudou um pouco quando ouvi aos ensinamentos do Thay e percebi que não era retórica, mas razão. Ele falou sobre partilha e sacrifício, esperança e inspiração. Quando ele respondeu perguntas de ambos, crianças e adultos, falou em termos facilmente compreensíveis. Não havia ambigüidade. Ele respondeu às questões diretamente. Ele não disse o que as pessoas queriam ouvir. Às vezes ele pedia aos que perguntavam que olhassem para ele. O melhor de tudo é que ele não julgava os outros.

Em um determinado ponto Thay parecia que estava falando para mim quando falou o quão importante os agentes da lei são para nossa comunidade e que ele já organizou retiro para eles. Ás vezes fiquei indeciso, tentando reconciliar ser plenamente atento em um trabalho que requer que sejamos vigilantes, abordar os outros e reagir rápido com instinto em algumas situações. Às vezes meu trabalho requer que usemos força, em algumas ocasiões força para matar. Ele mencionou seu livro, "Keeping the Peace: Mindfulness and Public Service". Eu pensei que seria bom ler sobre como ser mais plenamente atento na minha profissão.

Quando li os Cinco Treinamentos de Plena Atenção, me perguntei se eu poderia cumpri-los. Susan já tinha indicado que tomaria os votos no último dia do retiro. Eu verdadeiramente lutei com o pensamento. Eu poderia facilmente ter dito que iria tentar, como disse alguém no nosso grupo de Dharma, que eles eram "apenas guias". Alguns dos outros no nosso grupo lutaram contra o pensamento assim como eu. Alguns falaram em tomar os treinamentos e segui-los estritamente, enquanto outros davam suas versões do que é verdadeiro comprometimento, com alguma falha misturada.

Enquanto falávamos, o grupo se transformou diante de meus olhos. Indivíduos que anteriormente me aborreceram e que eu via como caricaturas, falavam com compaixão e insight. Um casal falou de tragédias pessoais que levaram eles a um comprometimento profundo com os Treinamentos. Outros falaram de suas religiões anteriores recebidas na infância e o conflito que isso causou dentro delas. Outros ainda falaram de conflitos morais e éticos com o que previamente conheciam. Ocorreu-me que a escolha é de fato um comprometimento pessoal que uma pessoa pode fazer somente por si mesma. No final, encontrei um respeito renovado por todos no meu grupo e desejei que tivéssemos tido essa conversa mais cedo na semana. Eu quis conhecê-los melhor e falar mais sobre mim.

Na manhã seguinte, sentei e assisti enquanto Susan e vários outros no nosso grupo de Dharma se comprometeram com os Cinco Treinamentos de Plena Atenção. A sala de meditação estava completamente cheia de gente apesar de ser bem cedo. Eu ouvi a descrição de cada um dos Cinco Treinamentos e as respostas dos homens, mulheres e crianças que participaram. Uma parte de mim queria estar ali também. Na conclusão da cerimônia, eu testemunhei o quanto isso significou para Susan, enquanto ela abraçava seus amigos e abertamente chorava. Lágrimas de alegria fluíam livremente na sala, incluindo algumas do meu grupo de discussão do Dharma que fizeram reservas a cerca dos Treinamentos na noite anterior. Eu estava feliz que falamos sobre nos encontrarmos novamente ao voltarmos para San Francisco.

Susan e eu juntamos e embalamos as coisas para voltarmos para casa. Desfrutamos de nosso último almoço com alguns de nossos amigos e demos nosso adeus. O que parecia ser potencialmente uma estadia muito longa quando chegamos, mudou para uma curta visita enquanto nos preparávamos para ir. Desde que voltamos para casa, ainda tento viver no presente, mastigar devagar e desfrutar minha comida, ser plenamente atento às coisas que faço. Sei que fisicamente me sinto melhor e muito mais relaxado. Eu realizei algumas caminhadas meditativas e sempre desfruto do relaxamento profundo, meu tipo favorito de meditação. Eu paro quando ouço um sino e lembro de respirar. Tento ser plenamente atento aos outros e não tão rápido para julgar. Estou começando a entender a filosofia de comunidade e apoio e tentarei ensinar e praticar com os outros.

Este retiro não será meu último.

(Jim Dudley é capitão da polícia de San Francisco)

quarta-feira, julho 23, 2008

Você é um Buda em potencial

O texto que sugerimos essa semana (clique aqui) vem te lembrar um grande fato. Você é um Buda em potencial. Todos temos o Buda interior que precisamos desenvolver de forma a transformarmos nosso sofrimento.

Thay nos ensina a conversar com nosso Buda interior, uma prática que toca todas as qualidades do Buda e percebe que o Buda é absolutamente real – não uma idéia, não uma noção, mas uma realidade. Nossa tarefa, nossa vida, nossa prática é nutrir o Buda em nós e nas pessoas que amamos. Thay também nos ensina a forma correta de tocar o sino, a voz do Buda, que nos ajuda na nossa prática.

Um texto básico de budismo. Leia (clique aqui) e aprenda. Divida seu insight sobre o texto em nosso blog.

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segunda-feira, julho 21, 2008

Sem Medo, Sem Visão (Irmão Phap Luu)

Muito do sofrimento que experimentamos no mundo, nos EUA hoje em dia, é devido ao medo. Vem do sentimento de sermos uma vítima, do sentimento que não estamos no controle, do sentimento que estão fora de nós forças que de alguma forma tem poder sobre nós. Portanto a questão é como trazemos o Dharma para este momento, para dentro de nossas vidas, de forma que possamos gerar não-medo em nós mesmos e naqueles ao nosso redor?

Se perguntarmos a nós mesmos a questão, a cada momento, estamos realmente perguntando a nós mesmos, como eu estou gerando não-medo para mim mesmo, para minha família, para minha comunidade? Deste modo não somos mais prisioneiros de nenhum governo, de nossa sociedade, do medo de que alguém está vindo e atirando no nosso filho pequeno, ou qualquer outro medo que tenhamos.

Nossos medos são irracionais. Entramos em carros e dirigimos por aí todo dia, e é muito mais provável que morramos em um acidente de carro do que sermos seqüestrados em um avião. Aquecimento global é algo para se temer – estamos falando sobre todas gerações seguintes.

Na minha prática, quando eu olho para o que eu faço a cada momento, eu tomo cuidado em não basear o que eu estou fazendo em uma visão. Eu sinto que isto é uma grande causa pela qual somos ineficientes em transformar o modo que a sociedade funciona. Eu pertencia a grupos ativistas antes de me tornar um monge, portanto experimentei o que significa basear as ações em uma visão. ”Isto é claro, estas pessoas estão matando, estão destruindo o ambiente, certo? Portanto eu tenho que fazer isso.”

No seu ensinamento do Nobre Caminho Óctuplo, o Buda disse que tudo é baseado na visão correta. Se não temos a visão correta, como podemos falar sobre pensamento correto? Como podemos falar sobre concentração correta? Precisamos ter uma visão correta.

Em última análise visão correta é a ausência de qualquer visão. É apenas uma questão de se temos clareza ou não. Não é uma questão de bom ou mau, de julgar, punir ou mesmo estatística. Estas são todas apenas visões, modos de ver o mundo. Avidya é ignorância; uma maneira de traduzir essa palavra é ausência de luz.

Como podemos deixar esta mente clara a cada momento? Não há medo, porque na claridade não há nascimento, não há morte. É apenas manifestação e ausência de manifestação.

O que fazemos hoje em dia, dez mil anos atrás era a mesma coisa. No tempo do Buda, havia um príncipe que matou seu pai e aterrorizou o país. O Buda não saiu e protestou. Isto é o que eles faziam naquele tempo. Agora temos eleições.

Quando fazemos meditação caminhando com Thay, chamamos isso uma caminhada de paz, mas o que está acontecendo lá? Já andei com faixas, é muito tedioso. Mas quando você vê Thay andando, é realmente interessante! Você não está tão certo do que ele está fazendo. E nós também não! Nós estamos andando. Não, estamos seguindo nossa respiração, estamos seguindo nossos passos.

(Irmão Phap Luu, Monge de Deer Park – publicado na revista Mindfulness Bell 45)

quinta-feira, julho 17, 2008

Questões sobre oração

Você costuma orar? Para quem rezamos no budismo? Há diferença entre a oração dos cristãos e a oração budista? Como evitar a armadilha da rotina na oração? É importante manter a postura do corpo na oração?

No texto dessa semana (clique aqui), extraído de uma entrevista a uma revista americana, Thay responde a algumas perguntas sobre a oração. Ele diz que orar é também pedir ajuda, e na tradição budista, pedimos ajuda à Sangha, pedimos ajuda ao Buda. Explica também que você não apenas pratica meditação com sua mente, sua mente é a metade. Você tem que meditar com seu corpo também.

Um texto muito interessante. Leia (clique aqui) e aprenda. Divida seu insight sobre o texto em nosso blog.

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segunda-feira, julho 14, 2008

Se eu morresse amanhã - por Irmã Chan Khong

Um dia em 1981, vendo o quanto eu estava absorvida enrolando pacotes para crianças famintas no Vietnã, Thay Nhat Hanh me perguntou: “Se você morresse hoje a noite, estaria preparada?” Ele disse que devemos viver nossas vidas de forma que se morrermos de repente, não tenhamos nada a lamentar. “Chan Khong você tem que aprender a viver livre como as nuvens ou a chuva. Se você morrer hoje a noite, não deveria sentir nenhum medo ou lamento. Você se tornará alguma coisa diferente, tão maravilhosa como é agora. Mas se você lamentar perder sua forma atual, não estará liberada. Ser liberada significa perceber que nada pode te obstruir, te impedir, mesmo enquanto cruza o oceano do nascimento e morte.”

Suas palavras me perfuraram e eu permaneci em silêncio por vários dias. Não, eu não estava preparada para morrer. Meu trabalho era minha vida. Eu tinha encontrado meios de ajudar as crianças famintas, apesar das dificuldades, e estava feliz de novo. Se eu morresse de repente, quem continuaria esse trabalho?

Eu contemplei muitas questões práticas como essa, enquanto seguia cada inspiração e cada expiração. Eu não estava exatamente tentando achar a solução. Eu sabia que a habilidade de achar uma estava em mim e quando eu estivesse calma o suficiente, uma resposta se revelaria por si. Portanto eu continuei a respirar e sorrir, e alguns dias depois, eu realmente vi a solução. Eu sabia que a única maneira que me permitiria morrer em paz seria se eu renascesse em outros que desejassem fazer o mesmo trabalho. Então minha aspiração poderia continuar mesmo se esse corpo falecesse. Eu pensei sobre os jovens que vinham para praticar plena atenção com Thay e decidi compartilhar com eles minhas experiências e desejos profundos sobre ajudar pessoas que sofrem. Eu os ensinaria como escolher remédios, como embrulhar pacotes, como escrever cartas pessoais aos pobres, e como manter os ocidentais em contato com o sofrimento das pessoas no Vietnã. Alguns jovens ficaram inspirados a começar seus próprios comitês, e hoje há trinta e oito comitês para crianças famintas. Se eu morrer hoje a noite de acidente de carro ou de ataque cardíaco, estas trinta e oito reencarnações me permitirão morrer em paz.

Nguyen Anh Huong, que chegou aos Estados Unidos em 1981, ouviu atenta a tudo que eu disse e me perguntou como começar um projeto. Como refugiada recém-chegada, ela conhecia melhor que eu as muitas famílias em grande sofrimento no Vietnã. Eu a encorajei a preparar sua própria lista de famílias que precisavam de ajuda e a achar patrocinadores para elas. Quando as crianças famintas escrevessem agradecendo, ela poderia traduzir as cartas e mandá-las aos patrocinadores. Lentamente, Anh Huong foi capaz de ajudar centenas de famílias. Bui Than Vu em Paris tem muitas famílias, Bui Ngoc Thuy em Sceaux na França tem oitenta e seis famílias, Annabel Laity em Plum Village está encarregada de quarenta famílias. Adicionalmente, quase todas as irmãs vietnamitas da ordem Tiep Hien (Ordem Interser) na Suíça, Austrália, Canadá, Alemanha e França têm ajudado grupos de famílias famintas.

Se hoje a noite meu coração parar de bater, você verá meu trabalho em todas essas irmãs e irmãos. Há aqueles que continuam meu trabalho pelas crianças famintas, outros que gostam de meu trabalho de ouvir o sofrimento das pessoas de forma que possam ser curadas. Você pode ver meu sorriso no seu olhar e minha voz nas suas palavras. Mas não verá minhas deficiências neles. O samsara de minhas deficiências terminará no dia que esse corpo for transformado em cinzas e então se tornar flor de novo.

Onde quer que eu faça algo, eu vejo os olhos de meus pais e avós em mim. Quando eu trabalhei com aldeões, sempre tinha a impressão que estava fazendo o trabalho conjuntamente com eles e também com as mãos amorosas daqueles amigos que economizaram um punhado de arroz ou poucos dólares para apoiar o trabalho. Minhas mãos eram suas mãos. Meu amor era o amor maravilhoso da rede de ancestrais, pais, parentes e amigos nascidos em mim. O trabalho que eu tenho feito é o trabalho de todos. Não é apenas meu trabalho. Enquanto você lê essas linhas e sabe que, em uma remota área do Vietnã, crianças que são severamente mal nutridas estão recebendo recursos de Plum Village, você pode ver o ato de amor do trabalho coletivo de milhares de mãos e corações. Todos nós, de fato, intersomos. Eu continuarei em cada um e cada coisa que eu já toquei. Não tenho nada a temer e nada a lamentar.

Queridos leitores, agradeço pela sua paciência em ler esse texto. Eu estou com você da mesma forma que você tem estado comigo, e nos encorajamos a perceber nosso mais profundo amor, carinho e generosidade. Juntos no caminho do amor, podemos tentar fazer pequenas diferenças na vida de alguém. O que mais há para fazer?

Quem é a irmã Chan Khong? Quem é Cao Ngoc Phuong? Ela é feita dos seus ancestrais, da terra chamada Vietnã, do ar, do sofrimento, das amizades, dos ensinamentos, da cruel ignorância dos que fazem a guerra, e do amor e entendimento de muitos professores e amigos durante seus primeiros trinta anos naquela parte do mundo e então quase quarenta anos entre muitos bodisatvas no ocidente. As experiências que compartilho são as experiências coletivas de todos que compartilharam a vida comigo.

Se você puder visitar Plum Village onde eu vivo, verá que não precisamos muito para sermos felizes. Um pedaço de madeira sobre quatro tijolos para uma cama, um fina espuma de colchão, um saco de dormir, um lençol fino, algumas caixas para nossos arquivos e muita inspiração e expiração consciente para termos consciência de nossa boa sorte por estar em paz e liberdade para trabalhar por aqueles em necessidade. Cartas vêm todo dia, trazendo boas notícias de trabalhos inspiradores. Mas algumas cartas e telefonemas trazem notícias que nosso trabalho falhou em algumas áreas. Respiração consciente sempre nos ajuda a acalmar e nos renovar de forma que possamos melhor lidar com as dificuldades e transformá-las. Sabemos que você pode fazer até melhor do que fizemos. Portanto é meu desejo que esse texto, este trabalho pelas crianças famintas, este trabalho organizando retiros tenha sido útil para você como testemunha de nossa prática de interser nesta maravilhosa viagem juntos.

- Irmã Chan Khong (primeira ajudante do Thay e com ele nos últimos 40 anos)

quarta-feira, julho 09, 2008

Sexualidade

Um tema que é sempre um tabu em nossa sociedade é a sexualidade. Nessa semana trazemos até você (clique aqui) respostas do Thay a perguntas feitas em retiros sobre esse tema.

Nas respostas Thay declara que o ato sexual pode ser muito sagrado, muito bonito, e também muito espiritual se está junto a compreensão profunda, aspiração profunda. Ele também pensa que a questão relativa a sexualidade no fundo é como administrar, como tomar cuidado com as fontes de energia em nós. Mas ele ressalva que a energia sexual é apenas um tipo de energia e todos temos energia sexual dentro de nós. Ela não deve ser olhada como algo maligno. Nós temos nossa humanidade dentro de nós, mas também temos nossa animalidade dentro de nós. Essas duas naturezas não têm que se contradizer.

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segunda-feira, julho 07, 2008

Minha História de Amor com Plum Village

Eu conheci a irmã Chan Khong em Paris, em Setembro de 1972 em uma reunião de um grupo ativista não violento liderado por César Chavez. Ela veio para compartilhar seu compromisso de reduzir o sofrimento no Vietnã. Era um tempo de guerra. Ela era leiga e também era fácil para mim ver que ela era movida por amor. Este amor me tocou profundamente e mudou completamente minha vida. No final da reunião, eu estava tão ávido por apoiá-la que perguntei se era possível encontrá-la de novo. Ela concordou e fiquei tão feliz porque meu desejo não era de fato encontrá-la de novo. Era encontrá-la muitas e muitas vezes! E eu tinha uma chance de fazê-lo.

No dia seguinte fui a Sceaux no sul de Paris onde ela estava trabalhando com a delegação oficial da Igreja Budista Unificada do Vietnã. Ela estava me ensinando como sentar no chão quando alguém entrou na sala em tanto silêncio que eu mal o notei. Ele sentou e sorriu para mim. Irmã Chan Khong me apresentou e disse que seu nome era Thich Nhat Hanh. Eu nunca esqueci este momento. Era como uma luz que muda tudo que vemos pela sua aparência brilhante. Nada era o mesmo apenas pela sua simples presença. Mas eu ainda estou envergonhado. Eu tirei um cigarro e comecei a fumar enquanto Thay estava falando para nós! Eu tinha 17 anos, era jovem e bobo. Thay não me embaraçou ou me pediu para parar. Ele apenas me aceitou do jeito que eu era. Esta foi uma experiência muito, muito especial que ainda me nutre. Eu esqueci suas palavras, mas não o efeito de sua presença e seu comportamento. Lentamente, fiquei consciente que eu estava à frente de um ser humano santo, um verdadeiro mestre espiritual.

Irmã Chan Khong me deu algum material para ler. Nele havia algumas cartas particulares. À noite eu comecei a ler. Então caí em lágrimas. A noite toda eu fiquei lendo estas cartas e chorando. A autora dessas cartas era Nhat Chi Mai. Eram cartas que escritas imediatamente antes de sua imolação. Através da imprensa eu tinha ouvido sobre as pessoas que se imolavam no Vietnã, mas eu era incapaz de entender isso como nada além de suicídio a partir do desespero. Lendo as cartas de Chi Mai, eu percebi seu desejo pleno e sincero de se tornar uma luz para ajudar todos nós a ver o que era real. Ela se tornou a luz que desejava. Mai se tornou minha querida luz desde aquela noite e ela ainda está aqui para nós em Plum Village, mesmo que não a notemos.

Isto foi como Plum Village nasceu no meu coração. Um presente de irmãs e irmãos morando no paraíso e inferno ao mesmo tempo, mas firmemente se recusando a deixar o inferno com ainda tantas pessoas nele. Eles estavam tentando trazer todos para o paraíso, enquanto viviam de forma simples com uma prática espiritual ensinada a milhares de anos atrás. Eles partiram meu coração devido a seu modo de vida, e foi como Plum Village começou a crescer profundamente em mim. A ordem Tiep Hien (Ordem do Interser) nutriu as sementes plantadas nesta noite, dia a dia.

Neste tempo, não havia um lugar chamado “Plum Village”. O nome ainda viria, mas o coração de “Plum Village”, a comunidade Tiep Hien, já tinha sido estabelecida por Thay no Vietnã. Nhat Chi Mai e a irmã Chan Khong estavam entre os primeiros leigos desta comunidade criada por Thay. Cada membro era sustentado pelo compromisso e a prática dos demais. Thay era o exemplo para cada um de nós seguindo como nosso guia, nosso pai espiritual. Seus ensinamentos não eram apenas o que ele escrevia, mas sua prática em cada momento. Um tipo de estrela polar para pessoas perdidas no oceano como eu. Ele nos estava mostrando o caminho naquele tempo, assim como hoje. Consciente das necessidades de um centro de retiro para alimentar nossa alegria e aprofundar nossa prática, Thay primeiramente começou um pequeno centro de prática em Fontvannes, não muito longe de Paris. Era de muito ajuda para todos nós. Mas, naquele tempo, “todos” éramos apenas cinco a dez pessoas!

O final da “guerra oficial” chegou ao Vietnã. Poucos meses depois, começou um fluxo de refugiados nos mares perigosos. “Plum Village” se tornou um barco no oceano para resgatá-los, com Thay e irmã Chan Khong a bordo. Os refugiados alcançaram a Europa. O governo e as pessoas estavam dando alívio e ajuda, mas havia muita dor em cada coração. Como trazer paz a estes corações partidos? Como oferecer suporte espiritual para cada um, especialmente as crianças? Eu lembro dos sentimentos de Thay e irmã Chan Khong por todas as crianças. Para mim, é o sofrimento destas crianças que foi o verdadeiro fundador de Plum Village, da qual tantos seres humanos se beneficiam hoje. Era tão difícil ser um refugiado depois de tamanha vida dura no Vietnã. Penso que apenas Thay ouviu o chamado por um “refugiado” – um verdadeiro refúgio espiritual, uma comunidade de prática. Desta necessidade, o nome “Plum Village” estava nascendo. Um verdadeiro refúgio para a Ordem Tiep Hien dar boas vindas para aqueles que sofrem. “Plum Village” nunca foi um conceito – apenas uma resposta apropriada para uma necessidade real, e veio do amor e dos corações abertos de Thay e irmã Chan Khong.

Recentemente eu visitei Plum Village. Estava tão emocionado pelas pedras que ainda são as mesmas. Sua transformação é lenta. Eu as reverenciei sabendo o quão lento eu estou na minha transformação. Eu fiquei emocionado também com as árvores. Lembro delas ainda tão pequenas. Fiquei um tempo olhando cada uma delas, uma por uma. Cada uma me lembrava a sabedoria de Thay. Ele ama tanto as crianças e seu amor é tão criativo. Ele teve a idéia de oferecer uma pequena árvore para cada criança refugiada vietnamita e convidou cada uma a tomar conta e nutrir a árvore e então oferecer os frutos da árvore para uma criança no Vietnã. Cada árvore em Plum Village ajudou duas crianças. Uma era uma refugiada e a outra estava no Vietnã. As ameixas são frutos para nutrir a espiritualidade de cada criança por compartilhar o processo. A sabedoria e criatividade do amor de Thay parecem não ter limites. Muitas pessoas vem e vão, mas as árvores permanecem.

Plum Village é uma dos lares da Ordem Tiep Hien, a Ordem do Interser. Não é sempre fácil interser em plena atenção, mas aqueles que vão lá não estão procurando por um caminho fácil. Apenas comprometidos em tentar, de novo e de novo, a seguir o caminho da plena consciência. As primeiras pessoas a viverem nos hamlets (alojamentos de Plum Village) eram do Vietnã e refugiados de muitos lugares. Plum Village nasceu deles e para eles. Depois os americanos vieram, e poucos franceses. Então, passo a passo, pessoas de todo mundo a visitaram, e mais recentemente da China. Então os franceses finalmente! Cada pessoa traz sua própria cultura e Plum Village parece estar apta a dar boas vindas e integrá-las sem nenhuma discriminação. Plum Village está viva. Nunca é a mesma, mas sempre surpreendentemente nova a cada momento, como uma história de amor sem fim – uma história de inclusividade.

Um dia, há alguns anos atrás, eu vi um monge trabalhando nossa mãe Terra. Eu pensei que era Thich Nhat Hanh, porque eu o vi fazendo isto muitas vezes. Tão feliz por vê-lo, eu chamei “Thay”. Quando o monge virou seu rosto para mim e sorriu, eu percebi que ele não era Thich Nhat Hanh. Ao mesmo momento eu concluí que ele era Thich Nhat Hanh também. Eu fiquei repentinamente deliciado. Thich Nhat Hanh, meu pai, estava aqui em tantos corpos!

Quando eu sentei com Thay e irmã Chan Khong antes de deixar Plum Village recentemente, percebi profundamente que estava em frente de meu pai e minha mãe. Eu desfrutei demais da presença deles, da mesma maneira que da primeira vez que os vi. Estávamos juntos novamente, nós três em uma sala pequena e simples. Eu percebi que nunca nos separamos desde o nosso primeiro encontro trinta anos atrás. Desta vez ele estava deitado quietamente em uma rede e a qualidade da luz que emanava era ainda a mesma. No final, eu disse a Thay que estava feliz demais por ter um pai desses. Ele riu para mim muito gentilmente, como o mais doce dos beijos. Plum Village é também tantos sorrisos e beijos de inúmeros olhos!

Plum Village é um presente das crianças do Vietnã para todas as crianças do mundo. Que possamos abençoá-las pela nossa prática. Trinta anos atrás, Plum Village era apenas dois rostos amorosos, Thay e irmã Chan Khong. Eu sou tão grato por eles terem me dado tantos irmãos e irmãs. Sinto que Plum Village nasceu do amor e para celebrar e praticar amor.

- Pierre Marchand