Quando tomei os Cinco Treinamentos achava que seria algo muito distante parar de beber. Havia outros pontos do treinamento por onde poderia iniciar meu trabalho de transformação e, na verdade, eu não entendia muito porque eu deveria parar. Afinal, eu não era alcoólatra, e nem bebia tanto assim. Bebia socialmente como se diz.
Com o tempo, a força do treinamento se fez manifestar e realmente diminuí a quantidade de álcool que eu ingeria, mas parar era algo ainda difícil. O álcool funcionava como elemento de socialização e relax e a me faltava uma razão, um motivo.
Há pouco mais de um ano uma pessoa passou a freqüentar a nossa Sangha e logo de cara compartilhou com todos seu problema com álcool. Com a seqüência de encontros passamos a dividir e sentir junto com ele as dores de ser um dependente. Ele é uma pessoa doce e amável e passou a freqüentar semanalmente o grupo o que só me fez estimá-lo, admirá-lo e sentir muita dor a cada vez que ele tinha uma crise e voltava a beber. Pude sentir seu sofrimento e seu desespero.
Em um retiro no ano passado veio o insight. O fato de eu beber contribuía para a indústria do álcool que era justamente o que o fazia sofrer. É difícil parar de beber vendo tanta gente bebendo. Percebi claramente o interser. Ele sofre como sofre porque eu bebo. Me senti responsável pela sua dor e decidi parar de beber. A consciência do sofrimento que fala o treinamento caiu como um raio e vi claramente todas as ligações e a conseqüência de meus atos.
Deixei de beber por muito tempo, até que relaxei e bebi uma taça de vinho em um jantar na minha casa, e depois um copo de cerveja em outro evento e assim por diante. Só conseguia beber um copo, porque a cada gole a consciência do sofrimento estava presente. Creio que o processo em mim é assim mesmo, em ondas. A consciência vai se aprofundando aos poucos. Depois de um novo retiro esse ano, e após ler os depoimentos da revista Mindfulness Bell, minha conscientização se tornou mais profunda e minha plena atenção mais forte para me alertar da conseqüência de meus atos.
Percebi também o interser entre os treinamentos. Não beber, significa não matar. O meu companheiro de Sangha está se matando a cada porre, como outros tantos com o mesmo problema. Eu beber também estou ajudando a matá-lo. Não beber também significa generosidade. Estou abrindo mão de um hábito, por causa dessas pessoas. Não beber ajuda a manter o compromisso de responsabilidade sexual. Outra companheira de Sangha foi abusada quando criança pelo pai que bebia muito. Não beber é poder controlar a fala e ouvir melhor. Quem nunca ouviu conversa de bêbado? Todos falam, ninguém ouve.
Há bastante tempo não bebo nada com álcool e meu compromisso é, através dessa minha renúncia, ajudar de alguma forma aqueles que não tem escolha. Aqueles para os quais o primeiro copo significa também o vigésimo e com conseqüências tristes.
- Leonardo Dobbin
Continuação de Thay
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Prezada Sangha, como todos já devem estar acompanhando, Thay acaba de
adentrar pacificamente na sua próxima continuação. Nesses dias estamos
tendo as ce...
Há 2 anos
7 comentários:
Caro Leonardo,
suas palavras me tocaram a alma.
Obrigado por sua doação de amor e solidariedade. Agradeço também à toda Sangha "Viver Consciente", que muito tem me ajudado a extinguir de vez esse "vício maldito", que tantas vidas ceifa, muitas delas em tenra idade.
Agradeço também à Denise e ao Marcelo da Sangha "Plena Consciência", de São Paulo.
Abraço carinhoso a todos.
Rogério
Para mim, ter esse tipo de consciência foi mais fácil com relação à carne. Após assistir a um documentário, percebi como o ato de me alimentar com carne de animais mortos contribuía para o sofrimento e agonia deles. Já senti vontade de comer algumas vezes desde que parei, mas percebo que tal compromisso, o de evitar o sofrimento dos animais, foi internalizado com muita força em mim. Agora, penso sobre a questão da bebida também, embora eu quase não o faça. Realmente, nosso progresso é gradual...
No DHarma,
Alexandra
Prezado Leonardo,
Obrigada pela sua experiência. Sou de família de alcoólicos e sei a dor e o fundo de poço que esse condicionamento causa aos seres.
Por acompanhar o sofrimento do alcoolismo de perto desde cedo (meus dois tios paternos, um deles por quem eu nutria um afeto particularmente especial, foram vítimas das conseqüências do uso abusivo do álcool), eu também percebi essa inter-relação que você compartilhou ter observado - cada vez que eu bebo, eu incito, mesmo que à distância, que um alcoólico continue a consumir esse veneno. E se eu bebo junto, mesmo que "socialmente", eu incito ainda mais.
Com esse histórico, beber sempre foi "conscientemente doloroso" para mim. Há quatro anos, decidi que não valia à pena manter essa "dor social" na consciência. Nessa época, eu ainda não praticava o budismo.
O meu problema particular foi o cigarro. Eu só consegui parar efetivamente de fumar há 1 ano e meio atrás, época em que eu já não comia animais mortos e já tinha encontrado o Dharma. Mesmo sabendo que era um atentado contra mim e um endosso à comercialização do fumo, eu não conseguia me desabituar.
Entretanto, devagarinho eu consegui tirar um cigarro por vez do maço e passei alguns meses fumando apenas um por dia. No meu aniversário do ano passado, eu me comprometi comigo mesma que me daria o melhor presente de todos - minha liberdade. E, com ela, um incentivo cada vez menor à produção e comercialização de fumo, que também leva à morte de milhares de seres humanos, direta ou indiretamente afetados por ele.
Não foi fácil. Mas, hoje em dia, ser ex-fumante é menos penoso do que foi da primeira vez que deixei de fumar. Tenho certeza de que a prática do Dharmma regou as sementes certas na minha consciência.
Um abraço,
Jaqueline
BOA TARDE, os ensinamento do quinto treinamento, desta quarta forão de grande, Eu sou da sanga transformçao em vitoria e amiga da Orminda. Os estudos Budistas tem acrescentado muito para o meu crescimento espiritual. agradeço a todos.
Eu gostei muito de ler os depoimentos ref vicio do alcool e cigarro. Incrivel que para mim foi facil em parar de comer carne morta, mas nao consigo largar a ebida nem o cigarro. Achei otimo a tatita da Jaqueline, mas comigo nao deu certo. Qunado nao bebo, consigo ficar ate 2 dias sem fumar, mas quando levo cerveja à boca, fumo em horas um maço de cigarro. Mas continuo tentando parar. Agora é uma questao de extrema força de vontade, ja que desejo muito largar estes dois vicios. Paz para todos. Esta Sangha sempre é agua fresca para nós. No Dharma. E com o Mestre TNH.
A declara�o ref Carlos Romb�o na verdade � minha, CARLOS RONDON. Desculpe a confus�o pois foi meu filho pequeno quem escreveu. Muito Grato se alguem puder alterar o nome ref comentario com o nome errado.
A declaracao ref com o nome de CARLOS ROMBAO na verdade e minha, CARLOS RONDON. Desculpe a confusao pois foi meu filho pequeno quem escreveu. Muito Grato se alguem puder alterar o nome ref comentario com o nome errado.Para que nao haja problemas futuros. Mt grato mesmo.
Ass Carlos Rondon.
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