Dois anos depois de descobrir Thay e seus ensinamentos, decidi parar de beber álcool. Havia muitas razões. Eu tinha acabado de passar seis meses na Índia sem beber nada de álcool e estava inspirada a continuar esta prática. Eu também testemunhei os terríveis efeitos do vício no álcool em alguém, muito querido. E eu estava profundamente inspirada pelos ensinamentos do Thay – é melhor ser plenamente consciente do que está acontecendo dentro de nós mesmos ao invés de nos perdermos em uma taça de vinho.
No início, quando socializava com amigos, eu tinha muitas explicações para dar. Aparentemente, não beber é mais incomum que ser vegetariano. A parte mais difícil era, de longe, como explicar minha decisão para amigos sem fazê-los sentir que eu estava de algum modo os julgando. Depois de eles reconhecerem minhas preferências, mesmo se não entendiam completamente, muitos fizeram um esforço especial para servir adoráveis refrigerantes ou sucos, ao invés de uma garrafa de vinho.
Assim, o álcool completamente sumiu do meu sistema e dos meus pensamentos. Eu saltava as bebidas alcoólicas no supermercado e desfrutava de uma variedade de refrigerantes. Eu nunca realmente bebi muito, mas ao parar completamente me tornei consciente de como eu havia usado o álcool. Era o modo que eu lidava com o stress na minha vida. Depois do trabalho, apenas uma taça de vinho induziria um sentimento relaxado, aconchegante que me permitia deixar ir tudo. “Portanto, o que está errado com isso?” Eu costumava dizer a mim mesma, especialmente se uma taça de vinho faria esse truque. Contudo, o vinho suavemente mascarava o problema sem contribuir em nada para a solução. Porque eu me permitia ficar tão estressada pelas coisas que aconteciam no trabalho?
Passando a beber somente chá, também me permitiu reconhecer o papel do álcool em nossa sociedade. Eu descobri o quanto é socialmente inaceitável não beber. Há um estigma associado a isso e se presume que os únicos que param completamente de beber são os alcoólatras.
Depois de seis anos sem beber álcool, eu gradualmente me tornei menos estrita na minha prática. Ocasionalmente, quando socializando com amigos e colegas, eu tomava uma taça de vinho. Eu gostava do gosto e a sensação de estar confortavelmente confraternizando, o que é muito importante para nós nos Países Baixos. Mas isso também significou que o álcool começou a crepitar na minha vida novamente. No supermercado, eu comecei novamente a olhar para os vinhos. Ou quando pedalava do trabalho para casa, sentia um desejo por uma taça para um relaxamento imediato. Eu resisti, mas percebi que por muitos anos não havia nada para eu resistir – porque quando não estava bebendo álcool os desejos tinham ido. Eu acho que esse é um considerável benefício de parar completamente – você não tem que pensar sobre isso. Nunca!
Portanto, eu escolhi parar novamente, mas desta vez com um profundo entendimento das razões. Razões que me dão a confiança de acreditar que eu irei evitar o destino do famoso fumante que disse “parar é fácil, eu já fiz isso várias vezes.”
- Evelyn van Veen (Shining Strenght of the Heart) Amsterdam, Países Baixos
Continuação de Thay
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Prezada Sangha, como todos já devem estar acompanhando, Thay acaba de
adentrar pacificamente na sua próxima continuação. Nesses dias estamos
tendo as ce...
Há 2 anos
Um comentário:
Bom...lendo o texto refleti como, o que nos parece normal e fácil de se 'praticar', pode parecer tão difícil, 'estranho' e até inaceitável socialmente...
Não bebo, não fumo, sou vegetariana e naturalista há muitos e muitos anos e não entendo o porquê destas minhas opções serem...digamos...socialmente tão restritas a um grupo tão pequeno de pessoas..ou será que não?
No dharma,
Thelma - BH
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