quinta-feira, setembro 25, 2008

Não seja enganado pelas palavras e idéias

Sugerimos que você estude o pequeno texto (clique aqui) onde Thay explica uma das palestras de Dharma do mestre Lin Chi.

No texto Thay dá uma série de mensagens importantes. Ele diz "Seja você mesmo. Não tente ser ninguém mais. Ser uma pessoa comum já é maravilhoso." Thay também nos alerta que prática não é trabalho duro e que palestras de Dharma não são a verdade. O Dharma verdadeiro existe na mente dos estudantes como sementes e as palestras de Dharma são apenas como pequenas nuvens que liberam chuva e fazem com que as sementes nas mentes dos praticantes brotem e se manifestem.

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Minha prática do 5o. Treinamento

Quando tomei os Cinco Treinamentos achava que seria algo muito distante parar de beber. Havia outros pontos do treinamento por onde poderia iniciar meu trabalho de transformação e, na verdade, eu não entendia muito porque eu deveria parar. Afinal, eu não era alcoólatra, e nem bebia tanto assim. Bebia socialmente como se diz.

Com o tempo, a força do treinamento se fez manifestar e realmente diminuí a quantidade de álcool que eu ingeria, mas parar era algo ainda difícil. O álcool funcionava como elemento de socialização e relax e a me faltava uma razão, um motivo.

Há pouco mais de um ano uma pessoa passou a freqüentar a nossa Sangha e logo de cara compartilhou com todos seu problema com álcool. Com a seqüência de encontros passamos a dividir e sentir junto com ele as dores de ser um dependente. Ele é uma pessoa doce e amável e passou a freqüentar semanalmente o grupo o que só me fez estimá-lo, admirá-lo e sentir muita dor a cada vez que ele tinha uma crise e voltava a beber. Pude sentir seu sofrimento e seu desespero.

Em um retiro no ano passado veio o insight. O fato de eu beber contribuía para a indústria do álcool que era justamente o que o fazia sofrer. É difícil parar de beber vendo tanta gente bebendo. Percebi claramente o interser. Ele sofre como sofre porque eu bebo. Me senti responsável pela sua dor e decidi parar de beber. A consciência do sofrimento que fala o treinamento caiu como um raio e vi claramente todas as ligações e a conseqüência de meus atos.

Deixei de beber por muito tempo, até que relaxei e bebi uma taça de vinho em um jantar na minha casa, e depois um copo de cerveja em outro evento e assim por diante. Só conseguia beber um copo, porque a cada gole a consciência do sofrimento estava presente. Creio que o processo em mim é assim mesmo, em ondas. A consciência vai se aprofundando aos poucos. Depois de um novo retiro esse ano, e após ler os depoimentos da revista Mindfulness Bell, minha conscientização se tornou mais profunda e minha plena atenção mais forte para me alertar da conseqüência de meus atos.

Percebi também o interser entre os treinamentos. Não beber, significa não matar. O meu companheiro de Sangha está se matando a cada porre, como outros tantos com o mesmo problema. Eu beber também estou ajudando a matá-lo. Não beber também significa generosidade. Estou abrindo mão de um hábito, por causa dessas pessoas. Não beber ajuda a manter o compromisso de responsabilidade sexual. Outra companheira de Sangha foi abusada quando criança pelo pai que bebia muito. Não beber é poder controlar a fala e ouvir melhor. Quem nunca ouviu conversa de bêbado? Todos falam, ninguém ouve.

Há bastante tempo não bebo nada com álcool e meu compromisso é, através dessa minha renúncia, ajudar de alguma forma aqueles que não tem escolha. Aqueles para os quais o primeiro copo significa também o vigésimo e com conseqüências tristes.

- Leonardo Dobbin

quinta-feira, setembro 18, 2008

Phap Hai: Cultivando a Base do Ser

Sugerimos que você estude a palestra de Dharma (clique aqui) compartilhada pelo irmão Phap Hai, monge do Deer Park Monastery, que nas últimas duas semanas esteve conosco aqui no Brasil.

Phap Hai chama os praticantes espirituais de "cultivadores", cultivadores das sementes que nós temos em nossa consciência, criando condições que permitam que as sementes positivas venham adiante. Em vez de ser uma prática de trabalho duro, através do cultivo da plena consciência nós permitimos que nossa sabedoria inata floresça, no seu próprio tempo e modo.

Através da comparação com a fábula da busca dos cavaleiros do Rei Arthur pelo Santo Graal, ele mostra que o cultivo nos guia através da busca pelo nosso Graal, nossa aspiração mais profunda. Ele nos conduz pela fábula, misturadas com histórias do Buda e ensinando em profundidade.

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Experiência com o 5o. Treinamento

Dois anos depois de descobrir Thay e seus ensinamentos, decidi parar de beber álcool. Havia muitas razões. Eu tinha acabado de passar seis meses na Índia sem beber nada de álcool e estava inspirada a continuar esta prática. Eu também testemunhei os terríveis efeitos do vício no álcool em alguém, muito querido. E eu estava profundamente inspirada pelos ensinamentos do Thay – é melhor ser plenamente consciente do que está acontecendo dentro de nós mesmos ao invés de nos perdermos em uma taça de vinho.

No início, quando socializava com amigos, eu tinha muitas explicações para dar. Aparentemente, não beber é mais incomum que ser vegetariano. A parte mais difícil era, de longe, como explicar minha decisão para amigos sem fazê-los sentir que eu estava de algum modo os julgando. Depois de eles reconhecerem minhas preferências, mesmo se não entendiam completamente, muitos fizeram um esforço especial para servir adoráveis refrigerantes ou sucos, ao invés de uma garrafa de vinho.

Assim, o álcool completamente sumiu do meu sistema e dos meus pensamentos. Eu saltava as bebidas alcoólicas no supermercado e desfrutava de uma variedade de refrigerantes. Eu nunca realmente bebi muito, mas ao parar completamente me tornei consciente de como eu havia usado o álcool. Era o modo que eu lidava com o stress na minha vida. Depois do trabalho, apenas uma taça de vinho induziria um sentimento relaxado, aconchegante que me permitia deixar ir tudo. “Portanto, o que está errado com isso?” Eu costumava dizer a mim mesma, especialmente se uma taça de vinho faria esse truque. Contudo, o vinho suavemente mascarava o problema sem contribuir em nada para a solução. Porque eu me permitia ficar tão estressada pelas coisas que aconteciam no trabalho?

Passando a beber somente chá, também me permitiu reconhecer o papel do álcool em nossa sociedade. Eu descobri o quanto é socialmente inaceitável não beber. Há um estigma associado a isso e se presume que os únicos que param completamente de beber são os alcoólatras.

Depois de seis anos sem beber álcool, eu gradualmente me tornei menos estrita na minha prática. Ocasionalmente, quando socializando com amigos e colegas, eu tomava uma taça de vinho. Eu gostava do gosto e a sensação de estar confortavelmente confraternizando, o que é muito importante para nós nos Países Baixos. Mas isso também significou que o álcool começou a crepitar na minha vida novamente. No supermercado, eu comecei novamente a olhar para os vinhos. Ou quando pedalava do trabalho para casa, sentia um desejo por uma taça para um relaxamento imediato. Eu resisti, mas percebi que por muitos anos não havia nada para eu resistir – porque quando não estava bebendo álcool os desejos tinham ido. Eu acho que esse é um considerável benefício de parar completamente – você não tem que pensar sobre isso. Nunca!

Portanto, eu escolhi parar novamente, mas desta vez com um profundo entendimento das razões. Razões que me dão a confiança de acreditar que eu irei evitar o destino do famoso fumante que disse “parar é fácil, eu já fiz isso várias vezes.”

- Evelyn van Veen (Shining Strenght of the Heart) Amsterdam, Países Baixos

quarta-feira, setembro 10, 2008

Amor Verdadeiro

No texto dessa semana podemos estudar a reflexão de Thich Nhat Hanh sobre o amor verdadeiro (clique aqui). Ele diz que devemos realmente compreender a pessoa que queremos amar. Se nosso amor não passa de uma vontade de possuir, ele não é amor. Devemos olhar em profundidade para ver e compreender as carências, as aspirações e o sofrimento da pessoa amada. É essa a verdadeira base do amor.

No texto Thay também explica a meditação sobre a compaixão, a meditação sobre o amor, a meditação do abraço, que vale a pena aprender para praticar, e para finalizar, uma lindíssima história sobre o rio que descobre sua verdadeira essência.

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Reflexão sobre o 5o. Treinamento

Nos meus estudos, aprendi que o insight era uma das portas para a liberação e que não-eu, impermanência e não-sofrimento eram as chaves para o insight. Estas eram idéias interessantes, mas eu não conseguia realmente descobrir como praticá-las. Resultou que minha prática com álcool me deu meu primeiro lampejo dentro do não-eu.

Inicialmente, quando eu praticava o Quinto Treinamento de Plena Atenção, era sempre forçado, quase um esforço físico evitar beber. Às vezes esta técnica não funcionava e eu acabava bebendo. Nesses casos eu frequentemente tentei trazer minha plena consciência à minha bebida, tomando ciência de como ela me fazia sentir. Eu trazia consciência para as razões que me levavam a beber e descobria o desejo de me conectar mais profundamente com os outros, de escapar das emoções negativas e para me sentir mais confiante. Às vezes notar esses desejos fazia com que minha cerveja não fosse terminada.

Com o tempo, eu vi como minha vida estava melhorando por reduzir o consumo de álcool. Embora ocasionalmente me sentisse como se estivesse faltando algo para a alegria. Outras vezes era o oposto, um sentimento de culpa por beber e ir contra meu voto. E outras vezes eu subia no meu cavalo alto e dizia a meus amigos o quanto eles eram maus por beber.

Plena atenção fez com que fosse cada vez mais fácil não beber. Eu comecei a me sentir mais livre. Então algo mudou - eu percebi como o fato de eu beber encorajaria meus amigos a beber. É fácil beber quando outros estão fazendo isso. Eu vi que ao comprar uma cerveja, estava pagando pelos anúncios da indústria do álcool. Eu era parcialmente responsável pelo problema do alcoolismo que temos em nossa sociedade. Meu ponto de vista se deslocou - não era mais apenas somente sobre mim. Quando eu vi isto pela primeira vez, e entendi isso em meu coração, então neste momento todo desejo de beber foi removido. Não havia sentimento de culpa, não havia sentimento de estar perdendo algo, nenhum desejo de escapar. Substituindo o desejo estava um sentimento de amor e cuidado pelos meus amigos. Eu percebi que poderia me conectar com eles de um modo verdadeiro sem a necessidade de álcool. Eu poderia estar com eles sem julgá-los pelo fato deles beberem. Eu me senti muito livre. Eu senti que pela primeira vez em minha vida, minhas intenções finalmente estavam em linha com minhas aspirações.

O insight do não-eu e a mente do amor estão presentes com sua voz clara: não é apenas sobre mim.

- Paul Baranowski (Solid Awakening of the Heart), Toronto Canadá
Publicado na revista Mindfulness Bell n. 48

quinta-feira, setembro 04, 2008

A Energia Habitual da Raiva

Thich Nhat Hanh nos conta no texto dessa semana (clique aqui) a história de David e Angelina. Uma fábula muito bonita e rica de ensinamentos sobre o comportamento humano.

David sempre culpava os outros pela sua infelicidade. Ele fazia sofrer as pessoas mais próximas. Apesar de não querer que elas fossem infelizes, o hábito era tão forte, que ele não conseguia evitar suas atitudes. Angelina é a companheira, aquela pessoa muito agradável que passa a fazer parte da nossa vida e, se soubermos cuidar dela, nossa vida adquire mais significado. Como David não soube tomar conta de si mesmo e da energia que existia em seus hábitos não soube cuidar da sua Angelina. É por esse motivo que as Angelinas nos deixam, por sofrerem muito com o nosso comportamento.

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Aviso Importante - Descontos para estadia em Plum Village

A Irmã Harmonia, de Plum Village, nos informa que aqueles que gostariam de viajar para Plum Village e não podem pagar pela estadia, serão hospedados pela metade do valor da acomodação. De forma a apoiar pessoas que viajam do Brasil, Plum Village cobrará apenas metade do custo normal de forma que as pessoas de poucos recursos possam ir e praticar junto aos monásticos na Europa.

Não perca essa oportunidade de praticar junto a maior Sangha ligada ao Thay!